Um tratamento desenvolvido por pesquisadores brasileiros poderá ajudar populações em todo o mundo que sofrem de bócio, o inchaço da glândula tireoide causado pela carência crônica de iodo no organismo.
A equipe liderada pelo endocrinologista Geraldo Medeiros-Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), apresentou um tratamento relativamente barato em substituição à cirurgia tradicional para a retirada da tireoide.
O custo menor é um fator importante, considerando que a incidência de bócio se concentra principalmente em regiões mais carentes do planeta. O caráter social da pesquisa chamou a atenção da revista Nature Reviews Endocrinology, que destaca o trabalho brasileiro em sua edição de janeiro.
“A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, 2 bilhões de pessoas sofram de deficiência de iodo e de 20 milhões a 50 milhões apresentem bócios com nódulos. É impraticável operar tanta gente”, disse Medeiros-Neto, que coordena o projeto “Metilação do gene simportador sódio-iodo em tumores de tireoide”, apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Em 2001, sua equipe percorreu 12 Estados brasileiros e, a partir de dados obtidos pelo levantamento, o grupo estima que cerca de 2,5 milhões de brasileiros sofram da doença, um número muito grande para que a cirurgia possa ser adotada como única terapia. A solução foi procurar métodos mais viáveis de tratamento.
Como solução, a equipe ministra iodo radioativo precedido por uma injeção do hormônio recombinante de TSH, que estimula a glândula a absorver o radioiodo. Após o acompanhamento de 42 pacientes nos três anos seguintes à terapia, houve uma redução de 60% do volume dos bócios e mesmo o desaparecimento completo do “inchaço” em alguns casos.
Um dos pontos fortes do novo tratamento é o custo, estimado em menos de R$ 300 por paciente. Os pesquisadores devem agora aperfeiçoar a técnica de modo a melhorar os resultados.
“Sabemos que o paciente deve evitar consumir sal iodado precedendo o tratamento. O tratamento também pode levar ao hipotireoidismo, ou seja, a tireoide deixa de funcionar”, explicou Medeiros-Neto. Nesse caso, o resultado é similar ao de uma cirurgia de extração da glândula, porém, o objetivo era o de manter a tireoide ativa e em condições normais. (Fonte: FAPESP)
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