LEI ESTADUAL PARANAENSE
A proibição do fumo em lugares fechados pode se tornar uma das políticas de saúde mais efetivas aplicadas no Reino Unido.A batalha para fazer as pessoas não fumarem em lugares fechados tem sido longa e árdua.
Aqueles que sabiam sobre o impacto da inalação da fumaça do tabaco na saúde tiveram que combater os que viam o ato de fumar como um direito – não importando o quanto afetariam os demais. No entanto, agora que a proibição está em vigor, está se tornando claro que a legislação que cria ambientes livres de fumo é uma das políticas de saúde mais efetivas já aplicadas no Reino Unido nos últimos dez anos.
A primeira legislação abrangia os ambientes de trabalho e seu objetivo inicial era proteger a saúde de milhares de pessoas no Reino Unido que trabalhavam, à época, expostos à fumaça do tabaco, e prevenir as 500 mortes estimadas por ano, causadas pela exposição nos locais de trabalho. Contudo, talvez o maior efeito desta legislação seja o avanço na mudança da aceitação social do ato de fumar em público – daí porque quando as novas regras sobre o fumo em pubs, restaurantes, centros comerciais entre outros apareceram, o seu cumprimento foi quase absoluto.
O que estudos recentes têm mostrado é que, em um ou dois anos depois que a proibição ao fumo em locais fechados foi implementada, o número de internações em hospitais por ataque cardíaco reduziu entre um sexto e um quarto.
Esse resultado magnífico se traduz na prevenção de milhares de mortes a cada ano no Reino Unido. Só com este resultado, a legislação que cria ambientes fechados livres de fumo já é um enorme sucesso.
Qual é a razão para essa redução? Primeiro alguns fatos. Fumar ainda mata cerca de 100.000 pessoas no Reino Unido todo ano. O câncer de pulmão permanece o maior responsável, mas logo em segundo e terceiro lugar estão doenças cardíacas e a combinação de bronquite crônica e enfisema, denominada doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Parar de fumar em qualquer idade reduz o risco de morte por essas razões, mas normalmente a redução em números de admissões em hospitais e de mortes por câncer de pulmão e DPOC demora anos para serem constatadas. Para doença cardíaca, no entanto, o quadro é bem diferente. Isso porque quando nãofumantes inalam a fumaça do cigarro, acontece um rápido e poderoso impacto no processo de coagulação do sangue, culminando em ataques cardíacos. Contudo, esse risco é revertido dentro de alguns dias a partir da cessação da exposição ao fumo passivo.
O que isso significa é que evitando a exposição à fumaça do tabaco, o risco de ataque cardíaco é reduzido quase imediatamente – e é isso que leva às reduções das internações em hospitais e de mortes.
A proibição do fumo em locais fechados também ajudou muitas pessoas a parar de fumar. Na verdade, a legislação livre de fumo juntamente com a restrição à publicidade de cigarro, as campanhas publicitárias, os serviços públicos para ajudar na cessação do consumo do tabaco, e muitas outras iniciativas contribuíram para a redução de quase 30% do número de fumantes no Reino Unido, desde 1997.
Os benefícios à saúde e a redução dos custos públicos com saúde são imensos; certamente, um dos legados do presente governo britânico é que foi o que mais fez para combater o fumo que qualquer outro na história, fazendo do Reino Unido um líder no controle do tabaco. No entanto, o fumo é ainda a maior causa evitável de morte e invalidez, e de desequilíbrios na saúde.
Fumar ainda está impregnado em nossa sociedade de modo que milhões de adultos e crianças ainda são expostos à fumaça do cigarro em casa. Milhões de crianças crescem em famílias e comunidades onde fumar é a regra, e em que há o risco de uma vida de dependência ao tabaco, e morte prematura por câncer de pulmão ou doenças cardíacas. Crianças ainda vêem os produtos do tabaco à mostra para venda em lojas que freqüentam com familiares e amigos; milhões de fumantes ainda não têm acesso a uma escolha mais acessível e que efetivamente substitua o cigarro que, se não segura, seja bem menos prejudicial do que queimar tabaco e inalar sua fumaça.
Nem todos esses problemas podem ser resolvidos com medidas tão simples como a legislação que cria ambientes livres de tabaco, mas muitos podem. O sucesso de se tornar ambientes fechados livres de tabaco mostra o que podemos atingir.
(Escrito pelo professor John Britton, diretor do Centro de Estudos para Controle do Tabaco do Reino Unido, Universidade de Nottigham/The Times, 30 de setembro de 2009-Fonte: ACT)
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