Durante o lançamento do relatório mundial sobre a situação da doença no mundo, acontecido no dia 17 de março de 2009, o diretor do departamento de combate à tuberculose da OMS (Organização Mundial da Saúde), Mario Raviglione, afirmou que o Brasil vai precisar fazer um esforço extra na luta contra a tuberculose. Segundo ele, não há justificativas para a situação no Brasil, que não cumpriu ainda meta de cura de 85% dos casos da doença e está atrás da Índia, Congo e China neste item.
A OMS também aponta a necessidade de o país avançar na estratégia de tratamento supervisionado - o abandono dos remédios contribui para o avanço da doença - e aprimorar a notificação de casos no País. O órgão estima que 45% deles não sejam informados às autoridades de saúde brasileiras.
Segundo a OMS, o Brasil ainda é o 16º país com mais casos no mundo - em uma lista que reúne 22 nações - e, ainda que a incidências de casos tenha sofrido queda de 3,3% entre 2005 e 2006, naquele último ano havia 94 mil casos, com uma mortalidade de 4 pessoas para cada 100 mil habitantes. O Ministério da Saúde confirma que hoje há cerca de 80 mil casos novos por ano, com 5 mil óbitos.
“A cobertura dos tratamentos supervisionados é de 86%. A realidade é que ainda há um longo caminho a percorrer”, criticou Raviglione. “No Brasil, a taxa de cura é de apenas 77%. Isso é muito baixo”, continuou.
Na Índia, a taxa de cura da tuberculose é de 86%, contra 85% no Congo e 94% na China. “Não há justificativas para o Brasil não ter números parecidos aos desses países. O Brasil precisa fazer o que implementou no setor de aids também em tuberculose”, concluiu.
Em números absolutos, a situação no Brasil é mais grave que a do Zimbábue, Camboja e Afeganistão. Mas está distante dos mais de 1,9 milhão de infectados na Índia e 1,3 milhão na China, os líderes.
“O governo brasileiro tenta minimizar, mas a situação é gravíssima. Considerando que há um século conhecemos o agente causador, que há métodos de diagnóstico e que a doença é tratável, por que temos 5 mil mortos por ano? É um escândalo. Por isso a OMS está preocupada”, afirma Carlos Basilia, secretário nacional da Parceria Brasileira contra a Tuberculose, entidade que reúne integrantes da sociedade civil que lutam contra a doença.
Outro recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no fim de fevereiro, colocou o Brasil entre os 45 países que já registram a forma XDR da tuberculose, modalidade resistente à maior parte dos antibióticos disponíveis e que mata, na maioria dos casos. A sigla vem do nome Extensive Drug Resistant. O problema foi gerado pelos próprios pacientes e gestores de saúde em razão do mau uso de medicamentos e de abandono do tratamento antes da cura. Na data da divulgação do relatório, o Ministério da Saúde informou desconhecer os casos de XDR reportados pela OMS, mas depois a principal especialista do assunto no País acabou por confirmar que casos foram sim informados à organização. Margareth Dalcomo, do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, no Rio, ligado ao ministério, informou sobre a existência de seis casos no País em que os pacientes tinham ou têm XDR - quatro morreram. No entanto, quando as vítimas descobriram ser portadoras de tuberculose, não foi testado, antes do início do tratamento, se a bactéria que as infectou era primariamente resistente às principais drogas contra a doença - exame padrão para definir casos de XDR. A tuberculose “incurável” só foi descoberta depois que os doentes já tinham utilizado diferentes remédios. (Fonte: O Estado de São Paulo, Agência de Notícias da Aids)
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