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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

DOENÇA DE CHAGAS - NEGLIGÊNCIA TOTAL! VERGONHA!


VETOR: BICHO-BARBEIRO (TRIATOMÍNEO)
A Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês) é uma organização fundada em 2003 e voltada para a produção de remédios para quatro doenças prioritárias e muitas vezes ignoradas: malária, doença do sono, leishmaniose e Chagas.
A iniciativa, com sede na Suíça, é resultado da parceria de várias instituições de pesquisa e saúde do mundo, como os Médicos Sem Fronteiras, o Instituto Pasteur na França, o Conselho Médico da Índia, o Ministério da Saúde da Malásia e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil.
Para o economista belga Eric Stobbaerts, membro do DNDi, de todas as quatro, a doença de Chagas é a mais negligenciada.
O economista participou do Simpósio Internacional do Centenário da Doença de Chagas, realizado pela Fiocruz no Rio de Janeiro. Ele enfatiza que esta doença "é a mais negligenciada de todas, pois um dos indicadores é determinado pelo dinheiro destinado à pesquisa para as doenças negligenciadas vindo das iniciativas pública e privada, que foi de US$ 2,5 bilhões em 2007. Desse montante, apenas 0,25% foi para a doença de Chagas, o que representa cerca de US$ 10 milhões, metade dos quais é aplicada em pesquisa básica. Outro indicador dessa negligência é que a probabilidade de termos um novo medicamento para a doença é baixa, uma vez que nos últimos 30 anos (de 1975 a 2005) foram desenvolvidos 1.556 medicamentos, dos quais 21 eram para as outras doenças desta lista e nenhum para Chagas".
Ele deixa registrado que "Chagas é chamada de “doença silenciosa” porque atinge pacientes de populações silenciosas, das áreas rurais, que não têm voz e têm muito pouca consciência de seu direito ao tratamento. Há aí uma negligência social e política por parte da indústria farmacêutica, dos governos e da mídia".  O economista continua: "segundo fontes oficiais, estima-se que a ocorrência desta doença varia de 8 milhões a 16 milhões de pessoas no mundo, essencialmente nos 21 países endêmicos latino-americanos, onde são estimadas 14 mil mortes por ano. Sabe-se que muitas dessas mortes são notificadas como cardiopatias, não como resultado de Chagas. A forma mais comum é a morte súbita, ou seja, as pessoas nem sabem que têm a doença. E ainda há o risco de 100 milhões de pessoas contraírem a doença. Epidemiologicamente falando, há também um fato importante a ser considerado: atualmente, devido à crescente mobilidade das pessoas, encontramos casos nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Europa. Está havendo uma globalização da doença. O paradigma de que Chagas é um mal latino-americano está caindo. A diferença entre Chagas e problemas como a Aids é que as pessoas soropositivas se mobilizaram rapidamente. Para Chagas, não há sequer uma associação de doentes. O círculo do silêncio é perpetuado, mesmo depois de cem anos da descoberta da doença. E uma coisa é controlar o vetor, mas o que fazemos com as pessoas infectadas? Há apenas dois medicamentos desenvolvidos nos últimos anos. São tóxicos e não há um consenso médico sobre usá-los nas duas fases da doença – a aguda e a crônica. Não são eficazes, como os medicamentos antirretrovirais para a Aids, por exemplo". (Fonte: FAPESP)





 

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