Agentes Ambientais Federais do Escritório Regional de Santa Maria/RS flagraram novos casos de supressão da Floresta Estacional Decidual, Mata Atlântica, também para a conversão das áreas em lavouras de fumo. Desta vez as ocorrências se deram no município de Arroio do Tigre, na região central do Estado, e resultaram na apreensão de mais 106 m³ de lenha de mata nativa, dos quais cerca de 23 m³ estavam sendo transportados em caminhões. |
Não é de hoje que a indústria do tabaco através do discurso da sustentabilidade tenta encobrir a perversa realidade de exploração social e degradação ambiental presente em toda cadeia produtiva do tabaco, principalmente em países em desenvolvimento onde a legislação ambiental geralmente não é rigorosa, ou quase não existe fiscalização.
Neste mês de dezembro, mais precisamente em 17 de dezembro, a Souza Cruz noticiou em seu próprio site que recebeu o prêmio de Responsabilidade Ambiental, concedido pelo Instituto Latino Americano de Preservação Ambiental, através da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Isso causa, no mínimo, uma certa estranheza, pois não faz nem um mês que o Ibama divulgou a intensificação das atividades de combate ao desmatamento no Rio Grande do Sul, onde agentes ambientais flagraram diversos casos de supressão da Mata Atlântica para a conversão das áreas em lavouras de fumo.
Segundo o próprio Ibama, desde o início das operações foram aplicados cerca de R$ 231 mil em multas e apreendidos cerca de 870m³ de lenha nativa, que estavam destinadas para uso nas estufas de fumo da região. (notícia disponível em: http://www.ibama.gov.br/archives/13905 O que é uma contradição, pois esse fato não condiz com o argumento da indústria que diz utilizar no processo de cura (etapa que consiste na secagem das folhas de fumo) lenha proveniente de florestas energéticas (até hoje não sei bem o que isso quer dizer, mas entendo como sendo florestas de reflorestamento).
Ou seja, mais uma vez a indústria utiliza-se de argumentos para camuflar a realidade, floreando um discurso cujo único objetivo é o lucro imediato, como por exemplo, a própria Souza Cruz divulgou recentemente que foi reconhecida pelo primeiro Índice de Carbono Eficiente da Bovespa, já que diz neutralizar as emissões de gases de efeito estufa.
Não podemos nos esquecer que estamos lidando com uma indústria cujo produto final, o cigarro, gera um enorme custo social, ambiental e sanitário para a sociedade como um todo.
Mesmo assim, esse grande vetor, a indústria do tabaco, insiste em manter no seu discurso a ideia de $ustentabilidade valendo-se do argumento de que possui uma matriz energética limpa, isenta de carbono e totalmente sustentável. O que se torna insustentável diante dos fatos.
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