EM DEFESA DA INFÂNCIA ONG DECLARA GUERRA AO TABACO
Indústria estaria ''glamourizando'' os pontos de vendas para atrair os jovens e as crianças; tabagismo é considerado ''doença pediátrica''
"A indústria não é poderosa o suficiente para alterar a vida de todo mundo eternamente"
Se alguém pensa que a limitação de espaço imposta pelas chamadas leis antifumo é exagerada, é porque não conhece a Aliança de Controle do Tabagismo, uma organização não governamental que gostaria de ver a indústria de cigarros ''riscada do mapa''.
A aliança é formada por uma rede de pessoas e entidades avessas ao tabagismo. No momento, desenvolve campanha para impor limites à indústria do tabaco, que classifica como ''indústria da morte''. Citando dados da Organização Mundial da Saúde, a entidade aponta que 6 milhões morrem por ano em todo o mundo por doenças causadas pelo consumo do cigarro - 200 mil só no Brasil.
Apesar da ''declaração de guerra'', a aliança quer vencer a indústria do tabaco por força da lei, a exemplo do que aconteceu em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), onde o Instituto Prevenir forneceu subsídios para a criação de uma lei que proíbe expositores nos estabelecimentos comerciais.
O presidente do instituto, Joni Silva Correia, explica que o objetivo da lei é evitar que as crianças se sintam atraídas pelo cigarro e comecem a fumar cada vez mais cedo.
Por que a lei que proíbe a publicidade de cigarros em estabelecimentos comerciais é importante para impedir que mais gente comece a fumar?
Cornélio Procópio é a primeira cidade do País a fazer uma lei que protege nossas crianças do tabagismo. O cigarro é um produto legal e pode continuar sendo vendido. O adulto pode comprar o seu cigarro do mesmo jeito, mas ele não vai mais ficar exposto à criança porque essa é a maneira que a indústria tem de seduzir nossos jovens. Várias pesquisas apontam que a criança começa a experimentar o tabaco aos 12 ou 13 anos e antes de 19 anos já está dependente. É uma doença pediátrica.
A indústria não pode mais fazer propaganda no rádio e na televisão desde o ano 2000 e está glamourizando cada vez mais os pontos de venda. Tem cigarro em forma de batom, isso para induzir as meninas, uma vez que elas estão experimentando cigarro antes dos meninos. E como a mulher no mundo todo era a que menos fumava, eles estão investindo para as mulheres fumarem mais e para os empresários do setor ficarem ricos e os fumantes ficarem com a doença. Com essa lei, o cigarro não mais será exposto. Tem que estar em uma gaveta, em uma caixa, em um armário. Mas não à disposição das crianças. É simples.
O senhor tem esperança que essa lei se espalhe para outras cidades?
Esperança não, eu tenho certeza absoluta. Onde passa um boi passa uma boiada. É só mostrar que é possível. O povo é inteligente. A indústria não é poderosa o suficiente para alterar a vida de todo mundo eternamente. Esse paradigma está mudando no mundo inteiro, até chegar o dia que essa indústria nefasta vai ter que sumir do mapa. Hoje a nossa luta é pelo controle da doença do tabagismo. Eu sei que essa indústria gera empregos, paga impostos, e por isso nós temos que diversificar a lavoura e acabar com isso até ter uma indústria muito melhor para o nosso país, para o mundo todo.
E como fica a situação do fumante neste contexto?
A nossa briga não é com o fumante, é contra o cigarro. O fumante é vítima. O nosso objetivo é controlar uma doença que mata 200 mil pessoas por ano no Brasil. É muita coisa. Por que não se faz uma campanha ostensiva para mudar isso como se faz contra a dengue? Morre mais gente por causa do tabaco do que câncer, do que aids, do que de acidentes e homicídios. Por que não se tem um movimento para alterar isso? Porque a pressão da indústria é muito grande. O que eu digo é que o tabagismo se tornou um problema de saúde pública. Tenho amigos que fumaram e que hoje estão com câncer ocasionado por cigarro. Como eu quero que o meu filho ou o seu filho passe por isso? Todo mundo pode fumar quanto e quando quiser, não mais onde quiser.
E quanto ao fumante passivo?
Passivo todos nós somos. Tem pesquisas americanas que demonstram que só a mais de sete metros de qualquer porta ou janela é que se está seguro em casa. E o cara vai fumar no quintal, fumando ao lado da janela e achando que está fumando fora de casa. Isso é hipocrisia. Ele continua fumando do mesmo jeito como se fosse dentro de casa. Esse é o tabagismo passivo. E as nossas crianças dentro dos carros? Esse é um crime que os pais cometem, que os adultos cometem. Eles fecham as janelas e fumam com as crianças dentro dos carros. Mesmo com as janelas abertas, há pesquisas que provam que o índice de poluição ali é brutal, maior do que a de uma área industrial.
Há como proibir as pessoas de fumarem dentro dos carros ou dentro de casa?
Tem como proibir sim, é proteção às nossas crianças. Tem que ter lei proibindo isso. Se o pai tem a informação de que a fumaça faz mal para a criança e não a protege, o que se tem que fazer com um pai desse? Ele perde o direito ao pátrio poder. Se eu pego um carro e saio correndo em alta velocidade, coloco em risco a vida de outras pessoas. Esse é um crime doloso. Agora se eu fumo perto da criança e sei que isso faz mal, eu não estou cometendo o mesmo crime? Não estou provocando doença, a possível morte? É sobre isso que a sociedade tem que legislar. Liberdade todo mundo tem para fazer o que quer, mas a criança tem que ser protegida.
A aliança é formada por uma rede de pessoas e entidades avessas ao tabagismo. No momento, desenvolve campanha para impor limites à indústria do tabaco, que classifica como ''indústria da morte''. Citando dados da Organização Mundial da Saúde, a entidade aponta que 6 milhões morrem por ano em todo o mundo por doenças causadas pelo consumo do cigarro - 200 mil só no Brasil.
Apesar da ''declaração de guerra'', a aliança quer vencer a indústria do tabaco por força da lei, a exemplo do que aconteceu em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), onde o Instituto Prevenir forneceu subsídios para a criação de uma lei que proíbe expositores nos estabelecimentos comerciais.
O presidente do instituto, Joni Silva Correia, explica que o objetivo da lei é evitar que as crianças se sintam atraídas pelo cigarro e comecem a fumar cada vez mais cedo.
Por que a lei que proíbe a publicidade de cigarros em estabelecimentos comerciais é importante para impedir que mais gente comece a fumar?
Cornélio Procópio é a primeira cidade do País a fazer uma lei que protege nossas crianças do tabagismo. O cigarro é um produto legal e pode continuar sendo vendido. O adulto pode comprar o seu cigarro do mesmo jeito, mas ele não vai mais ficar exposto à criança porque essa é a maneira que a indústria tem de seduzir nossos jovens. Várias pesquisas apontam que a criança começa a experimentar o tabaco aos 12 ou 13 anos e antes de 19 anos já está dependente. É uma doença pediátrica.
A indústria não pode mais fazer propaganda no rádio e na televisão desde o ano 2000 e está glamourizando cada vez mais os pontos de venda. Tem cigarro em forma de batom, isso para induzir as meninas, uma vez que elas estão experimentando cigarro antes dos meninos. E como a mulher no mundo todo era a que menos fumava, eles estão investindo para as mulheres fumarem mais e para os empresários do setor ficarem ricos e os fumantes ficarem com a doença. Com essa lei, o cigarro não mais será exposto. Tem que estar em uma gaveta, em uma caixa, em um armário. Mas não à disposição das crianças. É simples.
O senhor tem esperança que essa lei se espalhe para outras cidades?
Esperança não, eu tenho certeza absoluta. Onde passa um boi passa uma boiada. É só mostrar que é possível. O povo é inteligente. A indústria não é poderosa o suficiente para alterar a vida de todo mundo eternamente. Esse paradigma está mudando no mundo inteiro, até chegar o dia que essa indústria nefasta vai ter que sumir do mapa. Hoje a nossa luta é pelo controle da doença do tabagismo. Eu sei que essa indústria gera empregos, paga impostos, e por isso nós temos que diversificar a lavoura e acabar com isso até ter uma indústria muito melhor para o nosso país, para o mundo todo.
E como fica a situação do fumante neste contexto?
A nossa briga não é com o fumante, é contra o cigarro. O fumante é vítima. O nosso objetivo é controlar uma doença que mata 200 mil pessoas por ano no Brasil. É muita coisa. Por que não se faz uma campanha ostensiva para mudar isso como se faz contra a dengue? Morre mais gente por causa do tabaco do que câncer, do que aids, do que de acidentes e homicídios. Por que não se tem um movimento para alterar isso? Porque a pressão da indústria é muito grande. O que eu digo é que o tabagismo se tornou um problema de saúde pública. Tenho amigos que fumaram e que hoje estão com câncer ocasionado por cigarro. Como eu quero que o meu filho ou o seu filho passe por isso? Todo mundo pode fumar quanto e quando quiser, não mais onde quiser.
E quanto ao fumante passivo?
Passivo todos nós somos. Tem pesquisas americanas que demonstram que só a mais de sete metros de qualquer porta ou janela é que se está seguro em casa. E o cara vai fumar no quintal, fumando ao lado da janela e achando que está fumando fora de casa. Isso é hipocrisia. Ele continua fumando do mesmo jeito como se fosse dentro de casa. Esse é o tabagismo passivo. E as nossas crianças dentro dos carros? Esse é um crime que os pais cometem, que os adultos cometem. Eles fecham as janelas e fumam com as crianças dentro dos carros. Mesmo com as janelas abertas, há pesquisas que provam que o índice de poluição ali é brutal, maior do que a de uma área industrial.
Há como proibir as pessoas de fumarem dentro dos carros ou dentro de casa?
Tem como proibir sim, é proteção às nossas crianças. Tem que ter lei proibindo isso. Se o pai tem a informação de que a fumaça faz mal para a criança e não a protege, o que se tem que fazer com um pai desse? Ele perde o direito ao pátrio poder. Se eu pego um carro e saio correndo em alta velocidade, coloco em risco a vida de outras pessoas. Esse é um crime doloso. Agora se eu fumo perto da criança e sei que isso faz mal, eu não estou cometendo o mesmo crime? Não estou provocando doença, a possível morte? É sobre isso que a sociedade tem que legislar. Liberdade todo mundo tem para fazer o que quer, mas a criança tem que ser protegida.
Eli Araujo - Reportagem local - Folha de Londrina - 30.10.2011
(Fonte: http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--4284-20111030)
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