Quem nunca ouviu dizer que água com açúcar e colo de mãe acalmam os nervos?
Praticadas de forma intuitiva, as dicas da vovó agora recebem comprovação
científica. Para chegar a essa conclusão, a pediatra Aurimery Gomes Chermont
submeteu 640 bebês recém nascidos a uma solução glicosada (água com açúcar) e
colocou as crianças em contato direto com a pele da mãe por dois minutos. antes
e durante um evento doloroso. A estratégia não só reduziu os indicadores de dor
– mímica facial, freqüência cardíaca e saturação de oxigenação – como também
diminuiu o tempo de duração desses sintomas. Os resultados fazem parte da tese
de doutorado da pediatra e foram publicados pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).
Os bebês foram divididos em quatro grupos: o primeiro
recebeu glicose, o segundo foi colocado em contato direto com a pele da mãe e o
terceiro recebeu as duas abordagens. Havia também um grupo controle. A
pesquisadora constatou que que a solução glicosada foi eficiente para a
estabilização de parâmetros fisiológicos de dor e argumenta que o fenômeno
ocorreu devido à liberação de opioides endógenos (substâncias “calmantes”,
produzidas pelo próprio organismo), pela estimulação de receptores gustativos na
cavidade oral.
O contato pele a pele também conseguiu diminuir a duração
da resposta à dor e atenuar a experiência dolorosa. Ainda não há consenso sobre
a origem desse efeito analgésico, mas acredita-se que derive de uma estimulação
sensorial múltipla, na qual o toque, o cheiro da mãe e o fato de o bebê escutar
os batimentos cardíacos maternos talvez bloqueiem a chegada do estímulo ao
sistema nervoso central, por ativação de vias inibitórias descendentes do córtex
cerebral, por meio de interconexões sinápticas na própria medula espinal. A
associação da glicose com o contato pele a pele foi mais eficaz na redução da
dor do que cada uma das medidas analgésicas isoladas, de acordo com três escalas
validadas de dor, demonstrando a presença de um efeito aditivo das duas
abordagens não-farmacológicas para o alívio da dor aguda no período
neonatal.
Segundo a pesquisadora, os próximos passos de seu estudo devem
avaliar a eficácia de soluções mais concentradas da glicose na redução da dor
durante procedimentos dolorosos agudos rotineiros no atendimento neonatal. Outra
linha de pesquisa deverá aprofundar a análise da associação da glicose com o
contato pele a pele, a fim de formular diretrizes e indicações mais precisas
para seu uso no atendimento dos recém-nascidos prematuros e criticamente
doentes.
FONTE: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/a_docura_do_afeto.html
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domingo, 3 de junho de 2012
ÁGUA COM AÇÚCAR e COLO DE MÃE
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