Exercícios ajudam fumantes a largar o vício
Práticas esportivas ajudam física e
psicologicamente a fumar cada vez menos ou largar definitivamente o cigarro
Na guerra diária contra o vício do cigarro, os fumantes ganharam uma importante arma, que também é fundamental para aumentar a qualidade de vida: a atividade física. O método tem se mostrado eficaz para trazer bem estar físico e psicológico, reduzindo a ansiedade e a vontade de fumar.
Profissionais de educação física começaram a incluir programações especiais de exercícios para fumantes, com o objetivo de ajudá-los a enfrentar o vício. Um exemplo é de Márcio Aldecoa, professor. Há 13 anos, ele resolveu focar seu trabalho não apenas no condicionamento físico e passou a focar também na qualidade de vida. “Percebi que a atividade física podia ser um fator auxiliar para quem quer largar o cigarro e não consegue”. Responsável por 900 alunos de uma academia, ele também realiza programas de qualidade de vida em empresas e analisa os resultados. “Vemos uma grande evolução aplicando os exercícios, de forma controlada, aos fumantes”.
Segundo ele, a prática de exercícios pode ser a primeira medida para quem decidiu parar de fumar ou reduzir a quantidade de cigarros consumidos diariamente. “Atividade física é o remédio mais barato, não tem custo. Basta que você tenha vontade”.
Efeitos físicos
Segundo Aldecoa, a liberação da endorfina é um dos trunfos de quem realiza exercícios físicos. “Há uma sensação de bem estar e isso é importante para substituir a satisfação que o fumante sente ao fumar. Com o tempo, automaticamente melhora também a autoestima”.
Aos poucos, explica o professor, o fumante vai se adaptando a uma nova realidade. Mas ele destaca que o tratamento deve ser “multidisciplinar”. “Ou seja, requer acompanhamento de pneumologista, cardiologista e psicólogo, entre outros profissionais da saúde”, afirma.
Como começar
Aldecoa explica que, antes de iniciar qualquer exercício, é preciso que haja uma avaliação da capacidade física do fumante. “Algumas pessoas já praticaram esportes e, por isso, acreditam que têm boa condição física. Mas caso a pessoa fume muitos cigarros por dia, seu quadro pode exigir maior atenção”, explica. “Fumante ou não, é indicado verificar as condições físicas antes de iniciar qualquer atividade. O check-up dá segurança para saber seus limites e, claro, conseguir efetuar as atividades sem prejudicar a saúde”.
Após obter a listagem completa sobre o estado de saúde do aluno e seus limites, pode-se iniciar a realização de atividades de forma regrada. No caso dos fumantes, uma postura mais cautelosa logo de primeira deve-se a capacidade respiratória defasada. “O cigarro baixa a capacidade do ser humano com relação à capacidade cardiorrespiratória. Por isso, o fumante pode encontrar alguma dificuldade no início da jornada de atividades. Mas, com o passar do tempo e os exercícios seguindo uma regularidade, o processo de melhora da capacidade física é mais claro”.
O professor aponta os exercícios aeróbicos como os melhores exercícios para ajudar o fumante a largar o vício. “Atividades como natação, caminhada, corrida e ciclismo auxiliam também na melhora respiratória”.
Redução
O jornalista Fernando Bella, de 30 anos, é um dos adeptos dos exercícios como terapia contra o cigarro. Ele decidiu parar de fumar, segundo ele, por uma decisão racional. “Passei a pensar mais na saúde e tem também as pessoas ao meu lado, família, namorada, que se incomodam com o cigarro” comenta.
Fumante desde os 18 anos, ele chegou a fumar um maço por dia, mas em apenas seis meses de tratamento ele conseguiu reduzir o consumo pela metade, com a ajuda de Aldecoa.
Ele cita a ocupação do tempo com os exercícios como uma arma importante para combater o vício. “Gasto entre uma hora e meia e duas horas com os exercícios. Somente neste período, já deixo de fumar uns três, quatro cigarros”, explica. “Depois da atividade, demoro mais para voltar a fumar, porque o corpo já começa a recusar”, explica.
Ação psicológica
Além dos efeitos físicos, a ação psicológica sobre o fumante também é intensa. “Este é um fator determinante para mim, porque há alguns hábitos colados ao cigarro, como tomar um café, por exemplo. Eu já tomo um pensando no cigarro. Depois do almoço, também”.
Ele também cita os engarrafamentos nas ruas da cidade como um fator agravante para o vício. “O trânsito é uma coisa que chama cigarro. Você está sozinho no carro e ele vira um companheiro”.
Por isso, os exercícios têm sido fundamentais para ele. “Faço os exercícios com o personal trainer duas vezes por semana e jogo futebol pelo menos uma vez por semana. Além disso eu tenho uma esteira ergométrica em casa. É um compromisso”, conclui.
O professor Aldecoa destaca a força de vontade como importante para vencer a luta contra o cigarro. “È preciso estar vigilante sempre. Meu pai foi fumante, daqueles de fumar três maços por dia. Um dia, ele parou. Dez anos depois, ele ainda sentia uma vontadezinha, mas ele ia fazer outra coisa e a vontade acaba passando”.
FONTE: Fábio Mendes - vivabem@band.com.br
http://www.band.com.br/viva-bem/saude/noticia/?id=100000507309
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