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segunda-feira, 21 de junho de 2010

INFLAMAÇÃO NA GENGIVA PODE LEVAR A INFARTO

O cirurgião-dentista Luiz Alberto Dib Canonico
Pesquisa mostra que mais um fator de risco poderá ser incorporado aos já conhecidos para a doença cardiovascular. Segundo estudo feito por cirurgião-dentista de Cornélio Procópio, norte do Estado, na Universidade de São Paulo (USP), a doença periodontal também pode desencadear a doença cardíaca.
''Isso pode explicar porque aquela pessoa que não tem fatores de risco como diabetes, hipertensão, obesidade ou que fuma, sofre um infarto'', afirma Luiz Alberto Dib Canonico, autor do estudo.
Na tese de doutorado intitulada ''Detecção de periodonto patógenos do complexo vermelho em ateroma de artérias coronárias de pacientes com doença cardiovascular e periodontal'', Dib pesquisou 28 pacientes nos hospitais João de Freitas, em Arapongas, e Evangélico, em Londrina. Os selecionados tinham a doença periodontal e a cardiovascular, e o objetivo era detectar a presença de bactérias do complexo vermelho, a causadora mais comum da patologia na gengiva. ''A maioria dos pacientes não era fumante e não tinha diabetes, dois riscos clássicos''.
O dentista contou com a colaboração do cirurgião cardíaco Francisco Gregori, de Londrina, que coletou as amostras de ateroma durante cirurgias de endarterectomia coronária. O procedimento, segundo Gregori, é indicado para pacientes com obstrução ao longo de toda artéria, o que não permite um bom resultado com a tradicional ponte de safena. Toda a camada íntima da artéria é retirada e com ela toda a placa.
Dib explica que quem tem o problema gengival pode, na hora de passar o fio dental, causar um sangramento e fazer com que as bactérias entrem na corrente sanguínea. Isso pode desencadear um processo inflamatório nas placas localizadas nas artérias e a formação de um coágulo, que bloqueia a passagem de sangue. No coração, isso significa infarto, e, no cérebro, acidente vascular cerebral (AVC).
As placas de ateroma retiradas durante as cirurgias foram encaminhadas ao laboratório de microbiologia da USP, onde foram feitos testes de DNA genômico para detectar a presença ou não de três tipos daquela bactéria. Em 17 das 28 amostras (60% dos casos) havia algum tipo de bactéria do complexo vermelho. ''Esse estudo é inédito, ninguém ainda havia feito essa correlação. Nos Estados Unidos foi feita uma pesquisa parecida, mas com ateromas congelados'', afirma.
Ainda não é possível, segundo Dib, concluir que a doença periodontal é fator de risco determinante para o coração. ''São necessárias mais pesquisas'', afirma. Mas as evidências mostram que ela pode ser um agravante, por isso, o pesquisador alerta: ''É importante que o cardiologista, além de avaliar os fatores de risco clássico, também pergunte ao paciente se ele sofre com sangramentos na gengiva e o encaminhe ao cirurgião-dentista. A atuação deve ser conjunta''.
Para Gregori, a pesquisa ''abre um campo enorme para estudar a correlação de incidência de bactérias e aterosclerose''. ''É um indicativo de que a doença na gengiva poderá ser um fator de risco''.
(Fonte: Chiara Papali/Folha de Londrina)

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