Pesquisar este blog

quarta-feira, 23 de junho de 2010

DIVERSÃO PATÉTICA e RUINOSA

Tratar do abuso de bebida alcoólica como comédia dificulta o combate ao problema na população, segundo especialistas consultados pelo R7. De acordo com eles, as situações mostradas em programas como o Pânico na TV, em que as ações de pessoas embriagadas são tratadas como humor, fazem uma ligação perigosa entre a felicidade e a bebida.
A psiquiatra Marta Jezierski, diretora do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), ligado à Secretaria de Saúde de São Paulo, diz que existe o risco de haver uma “valorização do ficar bêbado”.– O problema é isso [o estímulo à bebida] ser passado como um valor social. Então o fulano vai lá e conta que bebeu até cair e os outros dão risada. Isso é um incentivo para o consumo de álcool, como se o ato de beber diferenciasse a pessoa. Há uma valorização do ficar bêbado.
A médica diz que isso é uma realidade principalmente entre os homens que, em geral, relacionam a bebida à diversão. Para as mulheres, o consumo desse tipo de produto está mais relacionado a decepções ou episódios negativos na vida.– Mas isso tem mudado, especialmente entre as meninas mais jovens, que têm se equiparado aos homens nesse aspecto.
Para Nilce Totino, do grupo familiar Al-Anon, que fornece ajuda a familiares e amigos de dependentes de álcool, o caso é delicado porque a mídia não pode ignorar o poder que tem para influenciar o público.
"Algo que incentiva as pessoas a ficarem embriagadas sempre vai causar algum prejuízo. A mídia, que muitas vezes nega que isso traga algum transtorno, tem participação no processo, além de ter um poder de influência muito grande sobre o jovem".
A estudante de farmácia R.M., de 23 anos, começou a beber durante a adolescência, em festas do colégio. Ela não via problema em beber até perceber que não conseguia se divertir se não estivesse embriagada.
"Como eu sou tímida, não tinham coragem de chegar nos meninos numa festa ou até mesmo rir com as minhas amigas. A impressão é que a festa ficava chata até eu estar bêbada, então eu tomava várias [doses] rápido, para entrar no clima. A jovem conta que só resolveu procurar ajuda por insistência dos pais, depois que, bêbada, ela acabou com a parte da frente do carro ao bater com o veículo no portão de casa. Hoje, ela faz terapia para “aprender a ver alegria nas coisas mesmo estando sóbria”. Ela diz que o preocupante do quadro do Pânico na TV é relacionar algo divertido e a bebida. "Você vê que a pessoa é famosa e o público gosta dela, mesmo que elas apareçam daquele jeito na televisão. Em geral, quando as pessoas bebem também têm essa sensação de que são queridas, de que estão rindo delas pelas gracinhas que elas estão fazendo, e não porque podem estar fazendo algo ridículo". (Fonte: R7/ABEAD)

Nenhum comentário:

Postar um comentário