JOGOS
Jogadores compulsivos podem se recuperar da dependência mesmo sem parar de apostar. É o que sugere um levantamento publicado na última edição do periódico médico "Addiction".
O estudo, conduzido por pesquisadores das universidades do Missouri, EUA, e de Sydney, Austrália, avaliou o papel da abstenção na vida de 104 pessoas com algum histórico de jogo patológico.
Foram organizados três grupos, de acordo com o grau de adição que apresentavam no momento estudado. A cada um deles foi aplicado um questionário para apurar com que frequência mantinham o hábito.
Entre aqueles que não apresentavam mais sintomas de dependência, 90% continuavam jogando eventualmente, mas três vezes menos do que no grupo em que a compulsão era maior.
A conclusão do estudo é que tais dependentes se recuperaram sem ter recorrido à abstinência, simplesmente convertendo o vício em um hábito recreativo.
"ILUSÃO"
Mas, para o psiquiatra Hermano Tavares, coordenador do Ambulatório de Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas, os dados da pesquisa não permitem concluir que aqueles que jogavam de forma eventual estejam automaticamente curados da dependência.
"O estudo é uma foto de um momento. Não dá para determinar qual o caminho que os dependentes que jogam eventualmente irão tomar, se vão se recuperar ou regredir", afirma.
Segundo o médico, a abstinência ainda é a meta mais segura para superar a compulsão. "Quando falamos em dependência, sempre temos que ter em mente a possibilidade de o paciente ter recaídas e voltar a apostar."
O psiquiatra Henrique Botura, especialista em jogos patológicos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, concorda: "O sonho de todo compulsivo é jogar moderadamente. Uma afirmação como essa da pesquisa poderia alimentar uma ilusão falsa, de que ele voltaria a jogar sem se comprometer."
Para Botura, uma mera aposta pode fazer com que a pessoa relembre o prazer que tinha quando seu comportamento era compulsivo.
"O jogo não é tão inocente quanto parece. A escala de fissura do jogador é maior do que a do alcoólatra e só perde para a do dependente de cocaína", diz. (Fonte: folha.com./equilibrioesaude)
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