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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

DISCALCULIA

DISCALCULIA
Imagine um jogo de futebol entre Corinthians e Guarani no Pacaembu. Quem entra no estádio é capaz de perceber claramente que a torcida do Timão é maioria nas arquibancadas. Mas saber distinguir qual é a maior ou a menor parcela do público pode não ser tão simples para quem tem discalculia, uma disfunção neurológica caracterizada pela dificuldade de resolver cálculos matemáticos e pela falta de noção de quantidades.
Na reta final do ano letivo, esse tipo de transtorno, de difícil diagnóstico, pode estar por trás do desempenho ruim do estudante na matemática - a má performance escolar, porém, pode ser influenciada por inúmeros fatores.
Para saber a dimensão atual da população brasileira atingida pela discalculia, o psicólogo Pedro Pinheiro Chagas, pesquisador do Laboratório de Neurologia do Desenvolvimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordena desde 2008 um estudo sobre a prevalência da disfunção no Brasil. "Ainda existem poucas pesquisas sobre o tema no País, ao contrário do que ocorre com a dislexia (distúrbio relacionado à linguagem), área do conhecimento que já evoluiu bastante", afirma.
Para o cientista político Alexandre Barros, de 68 anos, que descobriu ser discalcúlico aos 55, a dislexia é mais conhecida e tratada porque as pessoas vivem de palavras. "De certa maneira, é mais fácil esconder a dificuldade com números do que com a linguagem", diz.
Especialistas concordam que o diagnóstico do distúrbio é muito complexo e que depende da avaliação de uma equipe multidisciplinar. Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, explica que a discalculia é genética e acompanha o indivíduo durante toda a vida.
Segundo o neurologista Luiz Celso Pereira Vilanova, professor da Universidade Federal de São Paulo, é comum que a discalculia esteja associada a outros distúrbios, como a dislexia e o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). "É mais raro ter apenas a dificuldade com os cálculos matemáticos. Estudos apontam a incidência de uma em cada 40 mil pessoas", afirma.
(Fonte: Agência Estado-Abril/SIS.SAÚDE)

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