A SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo) lançou nesta quarta-feira (23) uma publicação em que defende que as grávidas não consumam álcool - mesmo moderadamente. A abstinência é recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e demais entidades da área, como sociedades de obstetrícia, mas há médicos que liberam uma taça de vinho de vez em quando às pacientes. Estudos brasileiros indicam que de 20% a 40% das gestantes consomem bebida alcoólica.
Segundo Clóvis Constantino, presidente da SPSP, “mesmo entre os médicos, a desinformação ainda é grande”.
- Além de alertar a população e os profissionais de saúde, queremos sensibilizar o poder público para a necessidade de incluir advertências nos rótulos de bebidas.
De acordo com a pediatra Conceição Segre, coordenadora do livro "Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido", o álcool ingerido pela gestante ultrapassa a barreira da placenta e se acumula no líquido amniótico. Também atinge o feto pelo sangue do cordão umbilical, prejudicando a transferência de nutrientes e oxigênio.
Em cerca de uma hora, ela explica, os níveis de álcool no sangue fetal são iguais aos da mãe. Mas, como o bebê tem massa corporal menor e o fígado imaturo para metabolizar a substância, calcula-se que o efeito tóxico para ele seja oito vezes maior.
As consequências dessa intoxicação permanecem a vida inteira, com intensidade variável, diz Conceição. Nos casos mais graves, que caracterizam a síndrome alcoólica fetal e atingem um a cada mil bebês, ocorrem malformações na face, diminuição no perímetro cefálico - por causa das alterações no sistema nervoso - e retardo no crescimento pré e pós-natal.
Antonio Moron, da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), afirma que alguns médicos adotam uma postura mais liberal para parecer mais “simpático” às suas pacientes.
- A crença de que só uma tacinha não faz mal é muito difundida, mas é um conceito totalmente errôneo.
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