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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ACIDENTES COM CAMINHONEIROS

Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP realizada com caminhoneiros constatou que o uso de drogas, o cansaço físico e mental, as ultrapassagens, a falta de profissionais qualificados no mercado, o sistema de rastreamento, a comissão e determinados tipos de carga estão relacionados aos acidentes envolvendo esses profissionais.
Os dados estão na dissertação de mestrado "O trabalho dos motoristas de caminhão: a relação entre atividade, vínculo empregatício e acidentes de trabalho", apresentada no último dia 18 pela psicóloga Luna Gonçalves da Silva, no Departamento de Saúde Ambiental da FSP, sob orientação da professora Claudia Roberta de Castro Moreno.
O objetivo do trabalho foi conhecer e analisar a atividade, aspectos da organização do trabalho e acidentes de motoristas de caminhão com diferentes vínculos empregatícios, partindo do relato dos próprios trabalhadores.
A pesquisadora apoiou-se no fato de que, apesar dos diversos estudos realizados com motoristas de caminhão, poucos são baseados na descrição da atividade feita pelo próprio trabalhador. O conhecimento dos próprios motoristas sobre sua atividade, assim como dos acidentes, pode contribuir para a elaboração de medidas para a redução de acidentes, bem como ações que visem à promoção de saúde destes trabalhadores.
A pesquisa foi feita numa empresa transportadora localizada no estado de São Paulo, no ano de 2010. Realizou-se um estudo qualitativo tendo como método utilizado a Análise Coletiva do Trabalho. Foram realizados quatro encontros, nos quais grupos de motoristas de caminhão, voluntários, descreveram sua atividade às pesquisadoras; não existiu um número pré-determinado de participantes para esse estudo. A partir dos dados obtidos, construíram-se as seguintes categorias: trabalho, saúde, repercussões do trabalho na vida familiar e social; vínculos empregatícios e acidentes de trabalho.
Quatro vínculos
Durante a pesquisa, Luna verificou quatro tipos de vínculos empregatícios na população de estudo: contratados, agregados, terceirizados e quarteirizados. Trabalhadores contratados e agregados queixaram-se do sistema de rastreamento e da atividade de enlonar e desenlonar o caminhão, diferentemente do relato dos terceirizados.
Por outro lado, o relato dos terceirizados é semelhante ao dos agregados, pois em ambos os vínculos há possibilidade de maior autonomia no trabalho, maior retorno financeiro e escolha da data de retorno para casa. Entretanto, a instabilidade financeira e o desamparo de direitos trabalhistas são queixas frequentes desses trabalhadores, o que não ocorre com os motoristas contratados.
Dentre os vínculos estudados, motoristas agregados e quarteirizados são os que apresentam as condições de trabalho mais difíceis.
Mais informações: email luna@usp.br, com a psicóloga Luna Gonçalves da Silva

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