Símbolo de emancipação e independência para as mulheres, o cigarro, porém, representa séria ameaça à saúde. Envolto em uma mística de sedução, vem atraindo a população feminina, enredada pela indústria do tabaco com produtos desenhados especificamente para elas.
O resultado dessa estratégia é que o número de fumantes entre o sexo feminino tem aumentado, influenciado por fatores econômicos, sociais e culturais, que retratam a mudança do papel da mulher na sociedade.
Um dos reflexos desse comportamento está relacionado ao aumento da incidência de câncer de pulmão entre as mulheres no País, como mostra o quarto volume da publicação Câncer no Brasil - Dados dos Registros de Cdncer de Base Populacional, lançado para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer de 2010 (27 de novembro). A pesquisa, consolidada pelo Instinto Nacional de Câncer (Inca), apresenta a incidênda dos tipos de tumores em 17 cidades, sendo 16 capitais, entre 2000 e 2005.
Em Porto Alegre, a incidência desse tipo de câncer saltou de 16,1 casos para 100 mil mulheres no levantamento de 2003 - que analisou o período de 1995 à 2000 - para 23,32 por 100 mil mulheres no relatório atual. Já em Goiânia, a taxa de incidência subiu de 9,5 para 13,26.
São Paulo registrou ligeira diminuição (de 12,6 para 11,5). Os números apontam diferenças regionais, mas confirmam a aposta da indústria do tabaco na estratégia de estimular a adesão ao cigarro entre as mulheres. O marketing foi tão direcionado a esse público que a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu para o ano de 2010, como tema para as atividades comemorativas do Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio), Gênero e Tabaco com ênfase no marketing para mulheres.
Ainda de acordo com a OMS, a prevalência de tabagismo entre os homens atingiu o pico, mas entre as mulheres permanece em ascensão. Elas já representam 20% do total de fumantes do planeta.
A estimativa do Inca de novos casos de câncer de pulmão no Brasil para 2010 prevê 9.830 casos da doença em mulheres. Observando-se os dados de 2008, 7.435 mulheres morreram vitima do tabagismo.
A prevalência de tabagismo entre os homens atingiu o pico, mas entre as mulheres permanece em ascensão.
Nessa luta contra o cigarro, a informação é ponto-chave para o Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Articulado pelo Ministério da Saúde por meio do Inca, e que atua desde 1989.
São medidas educativas, de comunicação e atenção à saúde para prevenir a iniciação no tabagismo, promover a sua cessação e proteger contra o fumo passivo. Campanhas de informação pública, implementação de leis para resguardar fumantes e não-fumantes da exposição a substâncias cancerígenas, aumento nos preços dos cigarros, restrição à publicidade e advertências nas embalagens representam alguns dos avanços já conquistados.
É necessário, no entanto, perseverar nesse esforço.
(Fonte: Cláudio Noronha, Coordenador de Ações Estratégicas do Instituto Nacional de Câncer (Inca)/Jornal da Tarde - http://www1.inca.gov.br/tabagismo/atualidades/ver.asp?id=1616)
Nenhum comentário:
Postar um comentário