O recente estudo de Fatores de risco e proteção
para doenças crônicas do Ministério da Saúde, divulgado em abril deste ano,
apurou que Porto Alegre tem o maior percentual de fumantes entre todas as
capitais brasileiras.
Além dos problemas respiratórios, mais conhecidos
pela população em geral, os fumantes podem apresentar alterações na boca pela
ação direta do cigarro. Uma pesquisa realizada pelo departamento de odontologia
da Universidade de Brasília mostrou que 47% dos dependentes de tabaco que
procuraram um tratamento odontológico no local sofriam de alguma enfermidade
bucal. Entre os problemas diagnosticados, a maior parte das pessoas apresentava
doença periodontal (da gengiva) e lesões que poderiam evoluir para possíveis
tumores na região bucal.
O estudo mostrou ainda a estreita relação entre o
nível de dependência química e a presença das doenças bucais. Entre os fumantes
moderados, 59% apresentavam problemas na região. E, 90% dos pacientes tratados
com câncer de boca eram fumantes.
A Doença Periodontal (que atinge a gengiva e os
ligamentos, ocasionando perda dos ossos que suportam os dentes), por exemplo, é
mais comum na população acima dos 40 anos e, por ser uma doença crônica, o tempo
de exposição às substâncias presentes no cigarro é determinante para o
agravamento do problema, que pode causar sangramento gengival, mobilidade
dentária e, até mesmo, perda dos dentes. Nesse caso, o fator tabagismo é a porta
de entrada por provocar a diminuição na resposta imunológica e inflamatória do
fumante.
Outro efeito causado pelo tabaco é a redução na
produção de saliva que, além de potencializar a ação de bactérias nocivas à
boca, poderá causar alteração no sabor dos alimentos devido ao atrofiamento das
papilas gustativas existentes na língua. Além disso, as consequências do cigarro
vão muito além das questões de saúde e afetam a estética de quem fuma. Mau
hálito e manchas nos dentes são bons exemplos disso.
A ocasião do Dia Mundial de Combate ao Fumo serve
para alertar as pessoas a buscarem ajuda para deixarem de fumar ou assim que
perceberem qualquer alteração na boca. Largar o vício, mesmo depois de bastante
tempo fumando, diminui os riscos e estimula a regressão das lesões provocadas ao
longo do tempo.
A motivação e a conscientização dos indivíduos
podem ser a grande saída para eliminação, redução ou minimização sumária do
problema, uma vez que o tabagismo está associado com a incidência e prevalência
de uma variedade de doenças sistêmicas, como, câncer, baixo peso ao nascer,
doenças pulmonares, gastrointestinais e
cardiovasculares.
FONTE: Texto de Sílvia Maria Zanella – Odontóloga e Mestre em Periodontia
http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=14826
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