Será que o álcool pode ser mais prejudicial que a heroína ou o crack?
Essa é uma das perguntas propostas pelo livro Drugs Without the Hot Air: Minimizing the Harms of Legal and Illegal Drugs (Drogas sem enrolação: minimizando os prejuízos das drogas legais e ilegais; tradução livre), do pesquisador e ex-consultor do Reino Unido sobre o abuso de drogas, David Nutt.
O livro explora diversos fatores envolvidos no uso de drogas – e aplica 16 critérios para analisar 20 substâncias legais e ilegais a fim de observar qual pode causar mais prejuízos. Entre os critérios, há mortalidade, dependência, perda de relacionamentos, custo econômico, custo para a comunidade, crimes e ferimentos, entre outros. A observação permite ver que a legalidade não se equipara a quantidade de prejuízo causada pela droga, segundo Nutt.
Pelo critério do pesquisador, no Reino Unido, o álcool aparece à frente das outras 19 drogas, seguido por heroína, crack, metanfetamina, cocaína, tabaco, anfetamina e maconha. O grande prejuízo do álcool deve-se a seu custo econômico. No Reino Unido, os gastos do governo com problemas relacionados a bebida chegam a 13 bilhões de libra por ano, segundo Nutt.
O estudo não indica que as outras drogas são inofensivas, pelo contrário, mas traça um panorama dos prejuízos. “Eu não encorajo pessoas a usarem drogas, todas são prejudiciais. Há certas coisas que as pessoas deveriam saber sobre as drogas”, disse Nutt em entrevista à Guardian Radio.
Bebida
“É importante entender que o álcool é uma droga, apesar de haver uma indústria enorme tentado nos persuadir de que não é”, afirmou Nutt. O psiquiatra foi afastado de seu cargo de consultor do governo de defender que o álcool e o tabaco são mais prejudiciais que LSD, ecstasy e maconha.
O maior prejuízo da heroína é o mesmo do crack: crimes. Em ambas, a dependência é bem maior do que no álcool. A droga que obteve a menor pontuação pela soma de itens foi o cogumelo, que apresentou um único prejuízo para o usuário: o comprometimento do funcionamento mental.
Para Nutt, é necessário tentar reduzir os prejuízos do álcool. “Sabemos porque o álcool tem essa posição, ele é mais disponível, está nos supermercados e o preço foi reduzido”, disse o pesquisador. O autor do livro dedicou sua carreira a pesquisar como as drogas afetam o cérebro e como podem ser usadas na medicina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário