Tecnologia desenvolvida por cientistas da Universidade Rice pode transformar qualquer superfície em uma bateria recarregável. Aplicação pode ser combinada com células solares (Un.Rice) |
Bateria que pode ser aplicada como tinta
29/06/2012
Agência FAPESP – Cientistas da Universidade Rice, nos Estados Unidos,
desenvolveram um tipo de bateria que pode ser pintada na maioria das
superfícies.
A bateria de íons de lítio é recarregável e é aplicada como se fosse tinta em
spray, em camadas, com cada camada representando os componentes de uma bateria
convencional. A novidade foi publicada nesta quinta-feira (28/06) na Nature
Scientific Reports.
“Com isso as embalagens tradicionais das pilhas e baterias dão lugar a uma
abordagem muito mais flexível, que permite inúmeros tipos de novos designs e de
possibilidades de integração com dispositivos elétricos e eletrônicos”, disse
Pulickel Ajayan, professor de engenharia mecânica e química da Universidade
Rice.
O grupo de Ajayan experimentou diversas alternativas para conseguir
representar as cinco camadas de componentes em uma bateria: dois coletores de
corrente, um cátodo, um ânodo e um separador polimérico.
Os materiais foram aplicados por ar comprimido em materiais como polímeros
flexíveis, azulejos, vidro, aço inoxidável e até mesmo canecas de cerveja, para
ver como se aderiam a cada substrato.
Em um dos experimentos, nove azulejos com baterias aplicadas foram conectados
em paralelo. Em um deles os cientistas colocaram uma célula solar que convertia
energia a partir das luzes do laboratório.
Quando totalmente carregadas tanto pelo painel solar como por uma corrente
elétrica, as baterias foram capazes de alimentar uma série de LEDs que se
acendiam formando a palavra “RICE” por seis horas, com uma voltagem regular de
2,4 volts.
A primeira camada, do coletor de corrente positivo, é uma mistura de
nanotubos de carbono de parede única com partículas de carbono dispersas em
N-metilpirrolidona, um composto químico. A segunda camada, o cátodo, contém
óxido de lítio-cobalto, carbono e pó ultrafino de grafite.
A terceira camada é o separador polimérico, feito de uma resina (Kynar Flex),
um termoplástico transparente (PMMA) e dióxido de silício. A quarta camada, o
ânodo, é composta por óxido de titânio e lítio, e a quinta camada, uma tinta
condutiva à base de cobre, diluída com etanol.
“O mais difícil foi atingir estabilidade mecânica. Nisso, o separador teve um
papel fundamental. Verificamos que os nanotubos e as camadas do cátodo se
aderiam muito bem, mas, se o separador não fosse estável, os nanotubos se
desprenderiam da superfície. Adicionar o PMMM deu ao separador a adesão
correta”, disse Neelam Singh, pesquisadora do grupo de Ajayan.
Os pesquisadores da Universidade Rice entraram com pedido de patente para a
técnica, que eles pretendem continuar a estudar para que possa oferecer melhor
rendimento e eventualmente ser lançada comercialmente.
O artigo Paintable Battery (doi: 10.1038/srep00481), de Pulickel
Ajayan e outros, pode ser lido em www.nature.com/srep/2012/120628/srep00481/full/srep00481.html.
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