CICLO EMOCIONAL DE MUDANÇA |
Mudar é possível. Deixar de fumar, abandonar aquele relacionamento desgastado, comer sem exageros, manter a freqüência dos exercícios físicos são atitudes que dependem de honestidade e foco nas emoções positivas.
A motivação para mudar vem de conseguir mais coisas boas fora da situação atual do que dentro dela. É nesta ideia que se baseia a técnica conhecida como Entrevista Motivacional (EM).
Segundo Lloyd I. Sederer, diretor médico do New York State Office of Mental Health (Escritório de Saúde Mental do Estado de Nova York), o princípio da técnica é não fazer julgamentos: se alguém cultiva um hábito ruim, tem fortes razões para fazê-lo. Trata-se, portanto, de uma técnica cognitiva que promete tornar claros os malefícios dos maus costumes. As mudanças começam na cabeça e daí passam para o comportamento.
A EM compreende ainda que abrir mão de algo é sempre uma perda – e ninguém gosta de perder – mas também põe em perspectiva que algo desejado virá logo depois. É a recompensa pelo sacrifício.
Segue um exemplo de EM – que cada um pode fazer consigo mesmo – com foco em tabagismo, que comumente as pessoas prometem abandonar quando um novo se inicia.
A mesma técnica se aplica ao consumo exagerado de bebida alcoólica, problemas com relacionamentos, excesso de peso por gula, preguiça de se exercitar e muitos outros problemas comportamentais.
Anote as perguntas e suas respostas em um papel, pois escrever ajuda a fixar melhor as ideias.
- Por que você gosta de fumar? Esta é a pergunta mais importante e é preciso começar por ela. Geralmente, ao pensar em largar um hábito, pensa-se imediatamente no que ele traz de ruim, mas se repreender não dá certo. É preciso entender por que um cigarro faz se sentir tão bem, tira da mente pensamentos incômodos, ajuda a relaxar e a socializar. Há motivos para ter sempre um maço em mãos, e é preciso conhecê-los para poder enfrentá-los.
- Tendo como base o que se ganha fumando, o quanto você quer continuar com este hábito, em uma escala de 0 a 5? Escolher um número alto, como 4, não é motivo para vergonha. Isto significa apenas que se está fazendo aquilo que se tem vontade, buscando a própria satisfação. É importante ser sincero consigo mesmo e aceitar a força do hábito.
- Fumar pode ser bom, mas há aquele sentimento incômodo de querer cortar este hábito. Pergunte-se, então, o que não está dando certo para você por causa do cigarro. É aqui que se faz uma lista do que não está legal. Como o cabelo e as roupas sempre cheiram a cigarro, ou como é chato ter que sair de um lugar e ficar no frio ou no calor do lado de fora só para dar ao organismo um pouco de nicotina. Neste tópico é preciso ser muito sincero, de modo a enxergar o preço que se está pagando pelo vício. Encarar as consequências do mal comportamento pode gerar o impulso para buscar a mudança.
- O quanto você vai se sentir melhor se parar de fumar? É hora de detalhar as vantagens que o fim do mau hábito pode trazer. Quanto tempo se poderia passar se divertindo dentro da casa de alguém ou sendo mais produtivo no trabalho ao invés de esperar ansiosamente por uma saída para fumar. Quanto dinheiro se economizaria por parar de gastar com maços de cigarro e no que ele poderia ser empregado. Ter objetivos para alcançar ao invés de apenas querer se livrar do vício é um impulso valioso na busca pela mudança.
- Pergunte outra vez o que você vai perder ao parar de fumar. Se largar um vício fosse fácil, não existiriam clínicas de reabilitação. É preciso ter gravado na mente tudo o que deixará a mudança ainda mais difícil e encontrar, nos benefícios que virão com ela, força suficiente para abandonar o hábito.
- Com quem você pode conversar e o que é possível fazer para dar apoio à parte de você que quer mudar? Agora que há um inventário do que o tabagismo faz e suas consequências, é preciso esclarecer para as pessoas interessadas em dar apoio os dois lados da motivação, os prazeres e os desprazeres do vício. Amigos e familiares que ajudarão na mudança precisam saber que ela levará tempo e dará trabalho. Não há vergonha em conseguir ajuda profissional, usar adesivos de nicotina, freqüentar grupos de ajuda. Uma ótima dica é se manter sempre ocupado e com a mente longe do vício. Ligar para aquele antigo romance que não queria mais sair porque o cigarro incomodava e convidá-lo para um jantar.
Se fosse fácil, a mudança já teria acontecido. É preciso fazer algo em vez de apenas prometer.
Cada passo, por menor que seja, é importante. O segredo é descobrir como superar o vício fará com que se sinta melhor.
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