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quinta-feira, 26 de abril de 2012

CINARIZINA


Cinizarina melhora vertigem em mulheres climatéricas

Medicamento estudado pode atuar no sistema termorregulador do organismo
Estudo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) mostra que em prazos mais prolongados, o medicamento industrial cinarizina pode atuar no sistema termorregulador do organismo (que mantém a pessoa a uma temperatura interna quase constante). A substância também se mostrou  eficaz no tratamento de sintomas como insônia, irritação, vertigem e ondas de calor de mulheres no período climatérico —fase de transição do período reprodutivo para um período não fértil — que não podem receber tratamento hormonal, entre elas pessoas que já apresentaram câncer de mama. De acordo com o ginecologista Pérsio Yvon Adri Cezarino, autor da pesquisa, “ a vertigem foi o sintoma climatérico que durante a pesquisa teve a melhora mais significativa entre as pacientes que receberam o medicamento”.
A droga já é utilizada em tratamentos de vertigem e dores de cabeça por otorrinos, oftalmos e neurologistas atua como um vasodilatador, ou seja, promove a dilatação de vasos sanguíneos e auxilia no tratamento da circulação sanguínea insuficiente em casos de acidente vascular cerebral (AVC). O estudo de mestrado Cinarizina no tratamento dos sintomas climatéricos foi apresentado na FMUSP, sob a orientação do professor Renato Vicente Bagnoli.
O estudo analisou 62 pacientes atendidas no Setor de Ginecologia Endócrina e Climatério do Hospital das Clínicas (HC)  da FMUSP, com idade entre 45 e 60 anos e predomínio da manifestação de fogachos no período climatérico, ondas de calor que variam de três a seis minutos e causam súbita vermelhidão do rosto da mulher, além de uma intensa sensação de calor no corpo e transpiração. “Este sintoma acontece porque durante o climatério, caem as taxas de estrogênios no organismo da mulher o que provoca um descontrole do sistema termorregulador podendo haver aumentos súbitos de temperatura, seguidos de calafrios. As manifestações acontecem com maior frequencia durante a noite, ocasionando insônia, fadiga e perda da qualidade de vida da mulher”, descreve o médico.
Grupos
As pacientes foram divididas em dois grupos. Um deles, foi denominado grupo “S” e composto por 27 mulheres com faixa etária média de 53,9 anos, sendo 51,9% brancas e 48,1% negras. O outro, chamado “M”, com 35 pacientes que tinham em média 54,7 anos e era formado por 51,4% brancas e 48,6% negras. O grupo S recebeu 25 miligramas (mg) de Cinarizina a cada 12 horas, via oral e por 6 meses. Por sua vez, ao grupo M foi ministrado um comprimido de placebo — comprimido de placebo — substância inerte ou inativa, a que se atribui certas propriedades (como as de cura de uma doença) e que, ingerida, pode produzir um efeito que suas propriedades não possuem — a cada 12 horas, via oral e também por seis meses. A escolha do tratamento foi feita pela metodologia de estudo duplo cego comparativo placebo controlado, ou seja, por sorteio. Nem o médico, nem a paciente saberia indicar até o fim da pesquisa quem recebeu o medicamento ou o placebo.

Todas as mulheres envolvidas na pesquisa foram submetidas a um exame físico geral em que foram extraídos dados como peso, altura e pressão arterial. Além disso, para obtenção de outras informações o médico utilizou como base o Índice Menopausal de Kupperman (IMK) que verifica a intensidade de 11 sintomas proporcionados à mulher neste período, como fadiga, fraqueza, dores de cabeça, insônia e nervosismo, mas não considera, no entanto, como ele mesmo explica, “uma análise da vida sexual da paciente como secura vaginal e diminuição da libido”. Neste sistema a própria mulher atribui uma pontuação que pode variar entre leve, moderada e acentuadas para cada uma das manifestações. O questionário foi aplicado por duas vezes, no começo e após seis meses do início do tratamento.
A análise dos resultados demonstrou que houve melhora significativa, em ambos os grupos, de todos os sintomas climatéricos com execeção da altragia (dores nas articulações) e da mialgia (dores musculares)  no grupo S e da vertigem no grupo M. O ginecologista, entretanto, diz que “um estudo mais prolongado do efeito da droga em pacientes em climatério seria adequado para a verificação de resultados em um prazo mais longo, uma vez que, apenas entre o quarto e o sexto mês da pesquisa foi possível notar melhoras das pacientes em relação às vertigens.
Imagem: Marcos Santos / USP Imagens
Mais informações: email persiocezarino@gmail.com , Pérsio Yvon Adri Cezarino

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