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quarta-feira, 18 de abril de 2012

TERMOTERAPIA A LASER

Falar em termoterapia, hoje, inclui falar sobre aparelhos muito sofisticados e, sobretudo, em tratamentos térmicos sem dor. [Imagem: Sérgio Marcondes/IFSC]
A termoterapia é a cura de lesões através de aquecimento ou resfriamento do corpo. Existem relatos do uso da técnica desde a Roma e a Grécia antigas. 
Mas, como qualquer tipo de tratamento que tem sua origem datada de muitos anos, a evolução é uma consequência natural e necessária. Assim, falar em termoterapia, hoje, inclui falar sobre aparelhos muito sofisticados e, sobretudo, em tratamentos térmicos sem dor. 
Os modelos mais modernos utilizam-se de laser para o tratamento termoterápico e são capazes de curar, até mesmo, tumores superficiais. 
Termoterapia a laser 
A termoterapia a laser, que ganhou corpo a partir da década de 1990, utiliza a radiação emitida por um raio-laser para fazer uma interação com os tecidos do corpo. 
O contato é direto: a fibra óptica, que também passou a fazer parte do dia-a-dia dos pesquisadores, serve de intermediário entre a radiação e o tecido humano, sendo o local por onde passa a radiação. 
Mesmo que o tratamento já tenha evoluído expressivamente, a busca por sua eficiência prossegue, através do aprimoramento de seus componentes ou do desenvolvimento de novos materiais. 
Pontas cristalinas micrométricas 
Exemplo disso é a pesquisa desenvolvida Sérgio Marcondes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP). 
Juntamente com Antonio Carlos Hernandes e Marcello Andreeta, Sérgio produziu pontas cristalinas micrométricas para serem utilizadas na termoterapia pontual a quente, feita com raio laser.
Pontas de dimensões milimétricas e sub-milimétricas já existem e são utilizadas inclusive para outros tipos de termoterapia a quente. 
No entanto, elas são feitas de metais ou carbono, e apresentam algumas desvantagens. No caso das pontas feitas de metal, elas podem ser facilmente danificadas e quimicamente corroídas. No caso do carbono, o material pode reagir com a atmosfera e esgotar-se no ar ou tornar-se frágil.
Estrutura cristalina da ponta cerâmica para termoterapia, que os pesquisadores brasileiros fabricaram usando alumínio e terras raras. [Imagem: Sérgio Marcondes/IFSC]
Ponta de terras raras 
No caso da termoterapia a quente com laser, cristais podem substituir esses materiais nas pontas, apresentando inúmeras vantagens. 
Sérgio inovou criando pontas a partir de dois componentes químicos diferentes - alumina (Al2O3) e óxido de neodímio (Nd2O3), que abrem um leque maior de possibilidades e, consequentemente, trazem mais eficiência ao sistema. 
"Se eu fabrico um material eutético [duas fases cristalinas, obtidas a partir de uma fase líquida], de alumina e zircônia, por exemplo, o primeiro possui [melhores] propriedades ópticas e o segundo [melhores] propriedades mecânicas. Assim, essas diferentes propriedades ampliam as aplicações. 
"No caso de nossa pesquisa, as pontas cristalinas produzidas são mais maleáveis e geram calor devido à ação da radiação do laser de maneira mais eficiente, aproveitando-se das propriedades da alumina e do neodímio," explica o pesquisador. 
A alumina é um óxido de alumínio, enquanto o neodímio é um metal da família das terras raras, muito comum em aplicações de alta tecnologia. 
Cada ponta tem entre 300 e 600 micrômetros de diâmetro - 1 micrômetro equivale a um milímetro dividido em 1.000 partes. 
Teste em clara de ovos 
Com o protótipo construído, os pesquisadores estão agora começando os testes do novo equipamento médico, o que está sendo feito em claras de ovos. 
"O uso da clara de ovo facilita a visualização do campo de aquecimento produzido por cada ponta e sua relação com a potência do laser usado para acoplar com a fibra. Esse procedimento experimental é rápido, simples e permite definir qualitativamente o efeito de cada ponta cristalina", afirma Hernandes. 
Por ser um produto que permitirá realizar tratamentos em termoterapia a laser de abrangência pontual, mas precisa, os pesquisadores ainda não conseguem delimitar as suas aplicações, ressaltando que microcauterizações podem ser a principal função para qual irão servir as pontas, além do tratamento de pequenos tumores.
"Ainda não sabemos todas as potencialidades de uso ponta cristalina e estamos entrando em contato com profissionais da área de saúde para avaliar esse potencial", frisa Hernandes. 
Tratamento térmico indolor 
Os primeiros resultados são promissores: "Essas pontas, por possuírem efeito térmico indireto, em tese, podem evitar efeitos secundários em pacientes. Por exemplo, em um sistema de aquecimento por radiofrequência é muito mais difícil controlar a região aquecida, podendo atingir tecidos vizinhos", explica Andreeta. 
Com esse dispositivo em mãos, um médico, conhecendo a potência do laser, poderá controlar a temperatura que sai da ponta de cristal e interage com a pele, por exemplo. 
Depois da realização de testes em humanos, a pesquisa deverá criar tratamentos mais eficazes e indolores, provando que, não só as biológicas, mas também as ciências exatas trabalham em prol de tratamentos de saúde mais eficientes e com uma forte preocupação: o conforto do paciente. 

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