O que acontece entre as mensagens claras e disponíveis a todos e o comportamento que não se extingue? Uma nova pesquisa americana sugere que as atitudes iniciais sobre o cigarro e o uso, em algum ponto da juventude, pode ajudar o tabagismo a se transformar em um vício para a vida toda. O cigarro pode, na verdade, modificar estruturas cerebrais e fazer com que as pessoas fiquem mais resistentes às mensagens anti-tabagistas. Ou seja, o hábito de fumar é fácil de começar e difícil de parar.
“É por isso que a prevenção na juventude é a melhor estratégia”, explica Joseph DiFranza, pesquisador da Universidade de Massachusetts. Seu estudo, publicado no periódico Addictive Behaviors, sugere que fumar apenas um cigarro pode já mudar a anatomia do cérebro. Essa mudança ocorre mesmo se a pessoa não fumar novamente ou caso a experiência tenha sido traumatizante. Ou seja, apenas uma tragada já pode viciar. Seu estudo acompanhou mais de 30 mil estudantes, o maior estudo com adolescentes já feito até hoje.
“Apenas alguns cigarros e a pessoa já está viciada”, diz DiFranza.
Seu estudo acabou de vez com o mito de que apenas pessoas que fumam diariamente podem se tornar dependentes do cigarro. “Os adolescentes que não fuma todo dia não se consideram fumantes”, diz. “Mas eles já sofrem com os sintomas pela abstinência.”
Quanto mais jovem, mais positivas as ações contra o tabagismo
Judy Andrews, outra pesquisadora sobre o assunto e especialista em percepções infantis sobre abuso de drogas, afirma que crianças a partir dos 7 anos já possuem fortes opiniões negativas sobre cigarro e que a TV, a família e os colegas são os que fazem a maior diferença e contribuem com as informações para esse posiconamento.
“Esse tipo de atitude pode prever quem teria mais tendência a se tornar um fumante”, diz Andrews, cujo trabalho, feito com 700 crianças da ensino básico foi publicado no Psychology of Addictive Behavior.
Na pesquisa, as crianças foram apresentadas a imagens de fumantes e tinham que classificá-las, segundo sua opinião. Após um período de sete anos, as crianças que haviam indicado algum nível de positividade nas imagens tinham de 30% a 40% mais chances de terem fumado um cigarro. “Quanto mais jovem, mais fácil convencer uma criança dos fatos ruins ligados ao cigarro, ao contrário de tentar convencer adolescentes, que pensam que sabem de tudo”, diz Andrews.
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