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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ESTRABISMO SOCIAL

Um estudo suíço, realizado pela equipe do oftalmologista Daniel Mojon, revela que crianças com 6 anos ou mais, com um estrabismo visível são menos aceitas socialmente pelo seu grupo. Outro dado importante do estudo destaca que o impacto negativo do estrabismo em interações psicossociais emerge muito cedo no universo infantil: por volta dos 6 anos de idade também.
Para chegar a estas conclusões, Mojon alterou fotografias de seis crianças e gerou versões com e sem estrabismo para comparação, como se as crianças fossem gêmeas. Em seguida, selecionou cento e dezoito crianças, entre 3 e 12 anos, para analisar as fotos e escolher, quatro vezes, quem elas convidariam para sua festa de aniversário.
Entre os 48 garotos entre 6 e 8 anos de idade, 18 não escolheram nenhuma criança com estrabismo, 17 selecionaram apenas uma e 11 convidariam duas. Apenas dois escolheram, três vezes, as fotografias que apresentavam pessoas com a doença. Entre os garotos de 4 a 6 anos, 19% afirmou ter notado a diferença no alinhamento dos olhos nas fotos. Este percentual subiu a 48 %, entre os garotos de 6 a 8 anos. Ao serem solicitadas a olharem novamente para as imagens com maior atenção, a detecção do estrabismo subiu para 39% e 77%, respectivamente.
Segundo os pesquisadores, se a discriminação não ocorresse, o padrão esperado seria outro: duas crianças com estrabismo deveriam ser escolhidas, em média, após as quatro avaliações. “O trabalho reforça o nosso entendimento que o estrabismo em crianças pode deixar sequelas psicológicas e que diferenças notáveis têm efeito negativo em relação a como as crianças são percebidas por seus pares”, afirma o oftamologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Falta de paralelismo nos olhos
Além de lutar contra o incômodo de uma visão deficiente, os estrábicos - cerca de 4% da população mundial - ainda precisam superar o preconceito. O estrabismo é a perda do posicionamento normal dos olhos, conhecida popularmente como “vesguice”, que faz com que apenas um olho ou ambos sejam desviados para dentro, para fora, para cima ou para baixo. “O desvio pode se apresentar de três formas: constante, intermitente e latente. Em todos os casos são comuns o relato de pacientes que sofrem com o emprego de termos ofensivos”, diz a oftalmopediatra do IMO, Laura Duprat.
Para combater o preconceito e o “bullying social”, é preciso esclarecer os mitos sobre a doença, como aquele que diz que uma pessoa é capaz de ficar estrábica, se entortar o olho de propósito ou se for surpreendida por uma rajada de vento. “O problema, na maioria dos casos, é hereditário e se manifesta na infância, em decorrência de um desequilíbrio nos músculos que movimentam os olhos. Pode ser provocado por parto prematuro, doenças congênitas, elevado grau de hipermetropia, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, dentre outros fatores genéticos”, explica a médica.
O tratamento em crianças requer cuidados especiais. O principal deles é a ajuda dos pais. O processo para alinhar os olhos pode ser demorado e as crianças precisam de apoio nesta fase. “Para facilitar o processo, os adultos podem, por exemplo, deixar a criança participar da escolha da armação dos óculos - que deve ser leve, de tamanho adequado e com lentes anti-risco e resistentes. Para a garotada que necessita de tampão, os pais devem explicar a importância desse tratamento e decidir por oclusores de borracha ou descartáveis feitos de esparadrapo antialérgico que não irritam a pele e incomodam menos”, recomenda Laura Duprat.
A família também tem que compreender uma possível queda no nível do rendimento escolar por conta da deficiência visual e pedir a colaboração dos professores para que, dentre outros cuidados, a criança possa sentar-se próxima à lousa.
“Os pais precisam ficar atentos a qualquer alteração de humor dos filhos e às queixas, veladas ou explícitas, que eles façam da escola, durante o tratamento. Em caso de problemas, os pais devem buscar ajuda por meio do serviço de orientação educacional e psicológica da instituição de ensino, pois as crianças têm direito a ambientes escolares onde existam alegria, amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um deles”, destaca a médica.
Autor: MW Consultoria de Comunicação -Site Boa Saude/SIS.SAÚDE)

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