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domingo, 5 de setembro de 2010

IDOSOS REPETITIVOS

Se você tem a felicidade de contar com seus avós ainda vivos, deve se lembrar de pelo menos uma história que, em almoços de família, festas de final de ano ou reuniões sociais, os velhos não se cansam de repetir. Afinal, porque pessoas idosas tendem a contar várias vezes um mesmo caso de suas vidas?
De acordo com um instituto de pesquisas em Toronto (Canadá), a razão é a seguinte: com a idade, nosso cérebro perde paulatinamente a habilidade de lembrar com quem compartilhamos determinada informação.
Os estudiosos analisaram dois tipos de memória. Basicamente, são a memória “de entrada” (lembrar de quem lhe contou algo) e a “de saída” (distinguir aquele para quem contamos algo). Os pesquisadores descobriram algo inusitado. Não apenas os idosos têm memória ruim para estas distinções, como carregam um “toque de teimosia”: são muito confiantes em suas memórias e não admitem que se esquecem das coisas.
Para descobrir mais sobre os efeitos do envelhecimento nas memórias de entrada e saída, os investigadores chamaram 40 estudantes universitários com idades entre 18 e 30 anos, e 40 idosos entre 60 e 83 anos.
No primeiro experimento, os participantes precisaram ler, em voz alta, 50 sentenças para as imagens de 50 celebridades diferentes em uma tela de computador.
Em seguida, eles foram instruídos a tentar se lembrar qual sentença foi dita para cada celebridade. Por exemplo, eles poderiam ter dito a uma foto de Oprah Winfrey, como se estivessem contando a informação a ela, que “uma moeda tem 118 sulcos ao redor”. Isso era um treino para a memória de saída: lembrar qual pessoa recebeu determinada informação que você passou.
No segundo estudo, o contrário. Cada foto de celebridade era associada a uma informação (como se a pessoa em questão estivesse contando ao participante da pesquisa), e o voluntário do experimento deveria se lembrar quem lhe disse o quê.
Os resultados sugerem que o envelhecimento tem pouco efeito sobre a memória de entrada. Os jovens tiveram cerca de 60% de acerto, a respeito de lembrar quem lhes disse cada coisa, enquanto nas pessoas de idade esse índice foi de 50%. Quanto à memória de entrada, no entanto, os jovens mantiveram o percentual, enquanto os idosos tiveram resultado 21% inferior. Em suma: ao envelhecer, não perdemos a capacidade de lembrar quem nos disse algo, mas sim de recordar a quem dissemos algo.
Assim, você já pode ter ouvido mais de dez vezes o seu avô lhe contar como sua mãe nasceu, como ele se alistou no exército ou como era a fazenda em que ele morava quando era pequeno. Assim que vocês se virarem, ele não vai lembrar que já lhe contou essas histórias, e você será forçado a ouvir novamente. [Live Science] (Fonte: Rafael Alves - http://www.hypescience.com/)

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