CRONOFARMACOLOGIA
Você tem algum problema de saúde, procura o médico e sai do consultório com a receita e com pedidos de exames. O que você pode não saber é que tomar o remédio às 19h ou às 22h pode fazer uma grande diferença, assim como esquecer de avisar o laboratório que tomou uma aspirina no dia anterior ao exame.
A cronofarmacologia (estudo que relaciona os efeitos dos medicamentos de acordo com as horas do dia), a interação entre remédios e o efeito em exames laboratoriais foram alguns dos destaques do XVI Congresso Paulista de Farmacêuticos.
“A pressão costuma ser mais alta entre 6 e 7 horas da manhã, então se você tomar o remédio para hipertensão no começo da noite, ele não irá fazer efeito. Ou o médico terá de receitar um com duração maior”, explica a farmacêutica Amouni Mourad.
Assim, a cronofarmacologia busca descobrir em que horários há liberação de neurotransmissores e hormônios, além de outras alterações no organismo para assim usar remédios com maior eficiência.
Outro exemplo dado pela farmacêutica é que a febre costuma ter picos às 11h, mas as 3, 4h da manhã ela tem as temperaturas mais baixas. Assim, tomar o antitérmico no pico de temperatura não irá adiantar e a febre só vai abaixar quando já seria normal apresentar uma queda.
Nos EUA, a cronofarmacologia já é bastante difundida e existem mais de 100 medicamentos que seguem seus princípios, mas no Brasil os estudos ainda estão no início. Na USP (Universidade de São Paulo), uma pesquisa busca identificar os períodos do dia onde há maior multiplicação de células cancerígenas, o que aumentaria a eficiência dos medicamentos quimioterápicos.
A glicose é outro componente bastante estudado pela cronofarmacologia. “É preciso levar em conta o relógio biológico de cada um. Se um diabético tem um trabalho estressante durante o dia, não adianta dar insulina apenas a noite. É preciso administrá-la durante o dia, quando há maiores taxas de glicose no sangue”, explica Mourad.
Interações medicamentosas
Além disso, é preciso tomar cuidado ao tomar remédios junto às refeições. Os remédios também têm nutrientes que competem com os alimentos e acabam diminuindo sua eficácia.
Remédios a base de ferro não podem ser tomados logo após alimentos ricos em cálcio, como leite e queijos, já que o cálcio interfere na absorção do ferro. O leite interfere também na absorção de antibióticos de tetraciclina.
Já analgésicos perdem o efeito na presença do tabaco. “É importante saber qual é o tempo de absorção do medicamento, porém é válido que se espere pelo menos uma hora para fumar”, conta.
A farmacêutica salienta ainda que outras substâncias liberadas pelo cigarro como o monóxido de carbono, cianureto e nicotina podem gerar várias interações medicamentosas, como a diminuir a absorção da insulina, por exemplo.(Fonte: noticias.uol.com.br)
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