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sábado, 4 de setembro de 2010

ATEROSCLEROSE e NANOPARTÍCULAS

Uma técnica para aplicação de quimioterápicos, com uso de nanopartículas, pode ser, no futuro, uma solução para combater a aterosclerose. A doença causa ateromas, lesões de gordura e tecido fibroso nos vasos sanguíneos, e pode levar a problemas cardíacos e circulatórios. Testada em animais como coelhos e ratos, a partícula, conhecida como LDE, transporta os remédios contra o câncer como a carmustina ou o paclitaxel para dentro das feridas.
A nanopartícula é uma perspectiva que pode se abrir para muitos transplantes, não só o cardíaco. Controlando a multiplicação das células, a quimioterapia consegue diminuir os ateromas e com efeitos colaterais mínimos, já que a medicação é direcionada somente para atacar as células alteradas, não as normais.
O responsável pela criação da partícula é o brasileiro Raul Maranhão, da Faculdade de Ciências Médicas da USP (FCM-USP). O médico apresentou os últimos resultados de sua pesquisa durante a 25ª Reunião Anual da Federação das Sociedade de Biologia Experimental (FeSBE).
A doença é a segunda maior causa de morte após transplantes cardíacos, só atrás da rejeição completa ao órgão. Para quem não recebeu um coração novo, a doença pode causar infarto de coronárias, derrames cerebrais e bloqueio de artérias na periferia do corpo como no caso de pernas e pés.
A nanopartícula é uma perspectiva que pode se abrir para muitos transplantes, não só o cardíaco", diz o endocrinologista. "Estamos pensando em estudos clínicos tanto para o tratamento da doença coronária quanto para o caso de transplante."
Antes de testar o efeito em pacientes, Maranhão pode aplicar a LDE em coelhos, após parceria com Noedir Stolf, diretor do Instituto do Coração (INCor), que havia desenvolvido uma técnica de transplante de coração nos animais. A nova maneira consistia em colocar um segundo coração na cobaia.
Para reduzir a rejeição ao órgão, era utilizada a ciclosporina, medicamento fundamental para a história do transplante cardíaco desde o início das operações, em 1970. O remédio, porém, não dava conta de evitar a aterosclerose, que aparecia depois de um ano nos animais transplantados.
"Por volta de 10% dos pacientes apresentam o problema durante o primeiro ano e 50%, a partir do quinto", explica Raul. "Houve uma redução drástica, por ordem de 50%, do processo inflamatório e da obstrução das coronárias no coração transplantado nos coelhos, nós melhoramos 50% além da ciclosporina."
O segredo da partícula, artificial e carregada com quimioterápicos, está no fato de ela ser "puxada" pela célula no lugar das reservas comuns de LDL no corpo. Essa preferência pelo composto criado por Maranhão ocorre pela presença de uma proteína chamada apoE, roubada do colesterol ruim natural, em circulação pelo corpo. Após tomar posse da apoE, a LDE passa a ter preferência das células no lugar das cápsulas comuns que carregam LDL.
Células usam o colesterel para diversas funções como a produção de membranas e de estrutura internas. A "fome" pela substância faz com que o LDL possa ser usado como armadilha ou isca.
A "fome" é ainda maior no caso de células com câncer. Pela necessidade de multiplicação exagerada, os tumores consomem muito colesterol.
O especialista em lipídios aprendeu a técnica do transporte por nanopartículas durante estudos de pós-douturado nos Estados Unidos, em 1987. Desde então, Maranhão tem aperfeiçoado o mecanismo.
O médico já testou o efeito de, pelo menos, três remédios: carmustina, paclitaxel e etoposide. Também com modelos animais, a LDE foi aplicada em cânceres como o linfoma, de ovário e de mama.
(Fonte: Mário Barra - G1, em São Paulo)

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