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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

DEPRESSÃO PÓS-PARTO


Poucos sentimentos são tão conflitantes quanto a alegria do nascimento de um filho e uma tristeza profunda e desesperadora. Pois algumas mulheres convivem com essas duas percepções lado a lado, quando se manifesta a depressão pós-parto.
O mal acomete de 10% a 20% das mulheres, segundo a Dra. Elenita Favarato, psicóloga do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP). "Dessa forma, pode ser considerado um importante problema de saúde pública", avalia a psicóloga.
A maioria dos casos da doença se manifesta a partir de quatro semanas após o parto, normalmente alcançando intensidade máxima nos seis primeiros meses. Os sintomas mais comuns são sentimentos de culpa, desânimo persistente, alterações do sono, ideias suicidas, temor de machucar o filho, presença de idéias obsessivas e asdiminuições do apetite e da libido.
Para entender melhor o problema, é importante diferenciar depressão de tristeza. Esta é um estado emocional comum e até necessário em algumas situações. Sentimentos de luto são normais – e muitas vezes necessários – quando se perde um amigo ou parente, se termina um relacionamento, uma doença é diagnosticada ou se tem problemas no trabalho, por exemplo.
"Acontecem um entristecimento e mudanças de atitudes e comportamentos por um período de tempo, até que a perda seja elaborada e o comportamento habitual seja retomado", explica a Dra. Elenita.
Já a depressão se caracteriza por uma intensidade inadequada e desproporcional da tristeza, cuja duração é maior do que a esperada, e há prejuízo funcional, isto é, a pessoa muda e fica menos produtiva e atenta no dia a dia, em função de dificuldade de atenção, falta de memória e de energia.
Os motivos para o surgimento da depressão pós-parto podem ser variados. Alguns fatores psicossociais podem ser associados à doença, como baixo suporte social, histórico de transtorno psiquiátrico, depressão pré-natal, baixa autoestima, ansiedade pré-natal, estresse e gravidez não planejada.
Sentimentos negativos nos pós-parto e nos primeiros meses de vida do neném – quando a mulher é especialmente requisitada, precisando ser a referência de afeto, amor e estabilidade – tornam a situação ainda mais difícil de ser enfrentada.
A situação pode afetar a saúde da mãe e também o desenvolvimento psíquico e físico do bebê, além de trazer consequências para o relacionamento conjugal e com outros filhos. "O estabelecimento de um bom vínculo afetivo entre mãe e filho nos primeiros meses de vida é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança. A depressão nessa fase impede que a mãe cuide-se de forma adequada e tenha disponibilidade emocional para cuidar e corresponder às necessidades do filho”, completa a Dra. Elenita.
“Mães deprimidas tendem a ser menos expressivas afetivamente ao interagirem com seus bebês, inseguras em relação à capacidade de exercer o papel materno e podem apresentar desatenção nos cuidados", acrescenta a psicóloga do Hospital das Clínicas.
Ainda de acordo com a médica, é importante destacar o impacto negativo da depressão sobre o aleitamento. Alguns estudos apontam como consequência da doença o fato de as mães amamentarem seus bebês com menor frequência, interromperem a amamentação no peito mais cedo e sentirem-se menos confiantes quanto à capacidade de amamentar.
"Inclusive, um estudo realizado na Austrália com 1.745 mães demonstrou que a depressão estava associada ao desmame precoce e que, quanto mais cedo ocorria o episódio depressivo, menor era o tempo de amamentação", lembra a Dra. Elenita, que recomenda atenção durante os nove meses de gravidez como a melhor forma de evitar ou tratar a doença. 
"Realizar avaliação precoce da depressão já durante a gestação possibilita a realização de intervenções visando a apoiar a mulher nesse momento tão importante", conclui.
(Fonte: www.gineco.com.br)

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