Foi-se o tempo em que imperavam noções como a de que grávida come por dois e de que é preciso repouso constante e quase nenhum esforço durante a gestação. Atualmente, as recomendações para a saúde de mulheres e bebês incluem a prática regular de exercícios físicos e escolhas alimentares mais qualitativas. Ou seja, nada de sedentarismo durante os nove meses, mas também nada de exercícios de impacto.
Como o corpo está passando por mudanças, o foco deve estar no bem-estar da mente e do corpo. "Antes de indicarmos exercícios, é fundamental a gestante seguir a orientação do seu obstetra, para depois procurar um profissional com especialização em gestantes, que possa adequar o exercício à condição física da mulher", diz Eneida Bittar, enfermeira pediátrica e consultora em aleitamento formada pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA).
Segundo ela, deve-se evitar fazer exercícios em superfície irregular; atividades que possam ocasionar choque nos pés e articulações e, assim, causar lesões, como corrida; práticas com carga ou nas quais quadril e pernas fiquem acima do nível do peito (evitando que o fluxo do sangue seja conduzido muito bruscamente para a cabeça).
"Mulheres sedentárias devem começar com exercícios leves e sob supervisão. No caso de qualquer sinal ou sintoma que cause desconforto, a dica é parar imediatamente a atividade e avisar o obstetra", indica a enfermeira Eneida.
Ioga, pilates, musculação leve, caminhada e hidroginástica são as práticas mais indicadas. Naquelas de esforço intermediário, como caminhada mais puxada, pedaladas em bicicleta ergométrica e musculação, é importante a gestante usar o frequencímetro (aparelho que mede a frequência cardíaca durante o exercício).
A frequência cardíaca não deve ultrapassar 135 batimentos por minuto. A orientação vale para todas as mulheres, independentemente de idade ou do fato de já terem outros filhos. Para determinar os exercícios adequados, a indicação é consultar o obstetra, que avaliará fatores como condições físicas e o histórico da mulher quanto a hábitos alimentares antes de engravidar, atividade cotidiana e profissão.
Mesmo com o peso da barriga e a tentação de ficar no sofá, não se deve deixar de praticar algum exercício. Uma melhor capacidade cardiorrespiratória facilita o desempenho das atividades diárias e incrementa as condições musculares, ajudando na adaptação às mudanças posturais e no trabalho de parto. Além de ampliar toda a condição física da gestante, os exercícios ajudam a controlar o peso na gravidez . A média indicada é ganhar de 10 a 12 quilos no período.
A jornalista Simone Machado Ferreira Krautheim, de 34 anos, ficou nessa média. Na gestação de seu primeiro filho, Rodrigo, ela engordou 12 quilos. Na segunda gravidez, quando nasceu Henrique, ela ganhou apenas 10 quilos. "Nesta gestação eu enjoei mais do que na do primeiro. Não tinha vontade de me alimentar", conta.
Alterações na alimentação como a que Simone relata são muito comuns e fazem lembrar que esse deve ser outro ponto de atenção durante a gravidez.
Segundo a enfermeira Eneida, as alterações de apetite acontecem, e as gestantes apresentam sinais e sintomas diferentes independentemente do período gestacional. "No primeiro trimestre, é frequente as gestantes apresentarem enjoo, náusea e vômito, decorrente da intensa alteração hormonal do período. Cada organismo responde de forma diferente."
Ela lembra que a ansiedade leva a gestante a comer mais. Assim, é bom priorizar o que se come. As proteínas, por exemplo, são fundamentais, por serem "os blocos construtores de todas as células do corpo", segundo a especialista. Cálcio também não pode faltar. Caso a mãe não consuma uma quantidade de cálcio suficiente, o feto vai retirar sua cota das reservas maternas, podendo causar queda de cabelo e fraqueza das unhas no curto prazo.
"Estudos comprovam ainda que uma gestante com baixos níveis de cálcio está mais sujeita a sofrer da chamada toxemia, doença que antigamente era conhecida como pré-eclâmpsia, que pode provocar desde parto prematuro até a morte. Por tudo isso é vital que a futura mãe não esqueça de incluir em sua dieta leite desnatado (o ideal são quatro copos por dia), iogurte e queijo branco", indica a enfermeira Eneida.
Vitamina C é outro componente essencial durante a gestação, por ser indispensável para a formação óssea do bebê e ajudar na boa absorção de ferro. Este, por sua vez, também está na categoria dos alimentos fundamentais. É responsável pela produção das hemácias, células vermelhas do sangue.
Com o aumento da quantidade de sangue circulando no corpo da grávida, cresce também a sua necessidade de ferro – a ausência do elemento é uma das causas da anemia. Assim, espinafre, carne vermelha e feijão devem frequentar sempre que possível as refeições das grávidas.
Por último, vale ressaltar que não basta dar atenção apenas ao que se come. As futuras mães devem beber uma quantidade de líquido adequada. "No mínimo, oito copos grandes por dia. A preferência deve ser sempre a água, os sucos naturais e a água de coco, que hidratam e garantem o bom funcionamento do organismo", receita Eneida. (Fonte: www.gineco.com.br)
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