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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

DOENÇA DE HOFFA

Descrita pela primeira vez por Albert Hoffa, em 1904, esta doença é uma inflamação na gordura infrapatelar, uma bolsa de gordura localizada logo atrás do tendão patelar, abaixo da patela.
Essa doença tem como causa principal os movimentos repetitivos no joelho, que acarretam microtraumas na gordura de Hoffa, que inflama, incha e passa a sofrer uma compressão entre o fêmur e a patela ou entre a tíbia e o fêmur.
Esses microtraumas e essa compressão fazem com que a gordura de Hoffa sofra novo processo inflamatório, hemorragia e fibrose (depósito de um tecido de cicatrização que também pode causar dores), caracterizando a síndrome da gordura de Hoffa.
Um trauma único também pode causar a inflamação nesta gordura infrapatelar. No caso de uma lesão do tendão patelar, devido a uma entorse grave, por exemplo, pode ocorrer também uma inflamação na gordura de Hoffa.
QUAIS AS CAUSAS? A síndrome da gordura de Hoffa acomete corredores, causada por microtraumas resultantes de repetitivas forças de rotação e hiperextensão do joelho durante a corrida.
Por isso, alterações ortopédicas do joelho, como o genu recurvatum (joelho em hiperextensão) e instabilidade rotacional, quando o joelho apresenta certa frouxidão e permite maior movimento de rotação durante a prática esportiva, são descritos na literatura como causas mais freqüentes da doença de Hoffa.
Condições que possam diminuir o espaço entre o fêmur e a patela, e entre o fêmur e a tíbia também podem causar o pinçamento da bolsa de gordura e como conseqüência a sua inflamação.
Na primeira fase dessa lesão há inflamação da gordura infrapatelar, causando o edema (inchaço). O atleta se queixa de dores na região anterior do joelho onde há, geralmente, a diminuição da amplitude de flexo/extensão. Num exame clínico, essa gordura fica espessa, palpável e o Sinal de Hoffa é positivo (teste que pressiona a gordura de Hoffa durante a extensão do joelho, que é positivo quando o atleta sente dor). Numa fase mais tardia, a inflamação evolui para uma fibrose e a dor fica mais intensa.
Não é um diagnóstico simples, através de raio-x, por exemplo, e a fibrose geralmente é identificada tardiamente. Mas outros exames de imagem, como a ressonância magnética, podem detectar a inflamação numa fase inicial.
O exame clínico também é importante e testes especiais como o já descrito Sinal de Hoffa e queixas do paciente também são fundamentais para descartar outras hipóteses.
O TRATAMENTO. Geralmente, a primeira escolha é o tratamento conservador, isto é, sem precisar de cirurgia. O primeiro passo é detectar a causa principal da lesão, o que chamamos de mecanismo de lesão, e evitar que ele se repita. Para saber se a causa é uma instabilidade, excesso de treinamento ou alguma condição que cause o pinçamento da bolsa de gordura, uma avaliação criteriosa é fundamental.
A fisioterapia usa alguns recursos para diminuir o processo inflamatório, a dor e melhorar a cicatrização da lesão (evitando a fibrose). O gelo (crioterapia) pode ser usado diariamente, mesmo na fase inicial, e é indicado para diminuir o edema (inchaço) e a inflamação. Não use o gelo antes da atividade física, pois diminui a sensibilidade e pode mascarar a dor, piorando ou causando lesões sem que o atleta tenha a sensibilidade como limite.
O ultra-som, as ondas curtas e o laser também são utilizados como antiinflamatórios e cicatrizantes, mas o calor profundo (US, OC) não é indicado na fase aguda da lesão
Exercícios para a estabilidade articular, treino proprioceptivo, ganho da amplitude de movimento, fortalecimento muscular, manutenção do condicionamento físico, alongamento muscular e até correção postural fazem parte da reabilitação.
Na readaptação ao esporte, uma avaliação criteriosa do treinador (educador físico) e do fisioterapeuta é fundamental para detectar alguma sobrecarga articular durante a atividade, sendo necessária, eventualmente, uma correção biomecânica da corrida.
Há casos em que a cirurgia é indicada, mas mesmo assim há a necessidade da fisioterapia pós-operatória, para evitar a fibrose, recuperar força e flexibilidade muscular.
A hidroterapia (fisioterapia na piscina) também é indicada tanto para os casos conservadores, como para um tratamento pós-operatório. Uma das vantagens é que permite um trabalho de manutenção do condicionamento físico, sem o impacto e sobrecarga sobre a articulação do joelho.

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