Crianças cegas superam medo e dificuldade para andar sozinhas
GABRIELA MANCINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Joel Silva/Folhapress |
Poliana, que tem deficiência visual e faz aula de balé |
Poliana de Abreu Brito, 7, chorava muito quando saía de casa, assustada com
barulhos e movimentos. João Eduardo Jansen, 11, não podia chegar perto de
animais e vivia com as costas curvadas. Pedro Bola, 7, tinha medo de andar e de
tocar em objetos.
Os três, cegos desde o nascimento, superaram as dificuldades com atividades
como equoterapia (terapia com cavalo), natação e balé.
Karime Xavier/Folhapress |
João Eduardo melhorou a postura na equoterapia |
Crianças cegas, claro, precisam de ajuda no dia a dia. Mas os esportes e a
dança conseguem deixá-las mais seguras, inclusive para tentar se virar sozinhas.
"Ela andava curvada e insegura, mesmo com a bengala [que usa para se guiar
quando anda e descobrir se há algum obstáculo à frente]. Isso mudou desde que
entrou no balé, há dois anos. Agora tem gente que pensa que ela enxerga!", conta
Izabel, mãe de Poliana.
Assim como em outras atividades, o toque é o segredo para aprender os passos
do balé. Poliana passa as mãos no corpo da professora para entender as posições.
E a professora vai "moldando" o corpo da menina --dobra a perna, os braços, puxa
mais para um lado, para outro etc.
Reinaldo Canato/Folhapress |
Pedro Bola, ganhador de duas medalhas de prata |
João Eduardo e Pedro ganharam uma postura melhor e segurança para caminhar na
equoterapia. "O cavalo joga o quadril do cavaleiro para todos os lados, o que é
bom para a coordenação motora", diz a psicopedagoga e psicanalista Liana Pires
Santos.
O deficiente visual pode ter a postura curvada, por medo de bater em algo no
caminho. Com a equoterapia, passa a andar com a coluna mais reta e a cabeça mais
erguida. "E ganha confiança e autoestima [sente-se uma pessoa melhor] por
conseguir dominar o cavalo", completa Liana.
"Adoro quando desço do cavalo e pego a rédea pra puxá-lo", conta João
Eduardo.
Outro ponto positivo dessas atividades é a socialização. Isso quer dizer que
as crianças ganham amigos, cegos ou não. "No começo, tinha preguiça de ir à
natação. Mas acabei gostando e fiz vários amigos", fala Pedro.
A escola onde Poliana faz balé tem alunos não cegos. "Eles aprendem a
respeitar e a ajudar os que não enxergam", diz Fernanda Bianchini, presidente da
Associação de Balé e Artes para Cegos.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/1142686-criancas-cegas-superam-medo-e-dificuldade-para-andar-sozinhas.shtml
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