Para suprema corte, que
não acata recurso das indústrias, lei que padroniza as embalagens é
constitucional e não fere propriedade intelectual
Publicado
em 15/08/2012, 17:40
A partir de 1º de dezembro, os maços de cigarro serão assim na Austrália.
(Reprodução. Aliança de Controle do Tabagismo)
São
Paulo – O Tribunal Superior de Canberra, na Austrália, rejeitou recurso dos
fabricantes de cigarro contra lei que proíbe marcas estampadas nos maços de
cigarro. A Justiça entendeu que a lei não transgride a Constituição do país e
nem infringe os direitos de propriedade intelectual, conforme tinham alegado os
fabricantes. As indústrias não podem mais recorrer da denúncia. A partir de 1º
de dezembro, quando a lei entra em vigor, as companhias tabagistas serão
obrigadas a vender maços de cigarros de cor verde-oliva, com advertências sobre
os riscos que o cigarro representa à saúde, como câncer, problemas respiratórios
e circulatórios passarão a ocupar 75% da parte frontal dos maços e 90% da parte
de trás.
O
recurso foi impetrado pelas indústrias britânicas British American Tobacco (com
marcas internacionais como Lucky Strike), Japan Tobacco International, Imperial
Tobacco (Cohiba e Golden Virgínia) e a Philip Morris (Marlboro, L&M e
Chesterfield). As empresas insistem em afirmar que a aprovação dessa lei, que
viola seus direitos de propriedade intelectual ao proibir seus logotipos,
causará perdas milionárias. Um porta-voz da Imperial Tobacco chegou a afirmar
que a legislação facilitará o trabalho dos contrabandistas ao baratear seus
custos e que o Estado deveria compensar as companhias por privá-las do uso da
imagem da marca.
As
autoridades australianas esperam reduzir o número fumantes de 15% da população
para 10% até 2018 e reduzir as 15 mil mortes anuais por causa de doenças
relacionadas ao tabagismo, provocando gasto de US$ 31.871 milhões aos cofres
públicos do país que é o primeiro a adotar os chamados maços genéricos. No Reino
Unido as autoridades de saúde estão fazendo consulta pública para adotá-los e os
Estados Unidos também consideram a medida. O governo da Nova Zelândia divulgou
hoje comunicado de que a decisão da corte australiana aumenta a confiança dos
neozelandeses em iniciativa semelhante. Nos anos 1990, o governo de Canberra
proibiu a publicidade do tabaco em qualquer meio de comunicação e suporte, assim
como o patrocínio de todo tipo de evento.
No Brasil, tramita no Senado um projeto de lei (PLS 154/2012) de autoria do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para instituir embalagens genéricas para cigarros e outros produtos do tabaco.
No Brasil, tramita no Senado um projeto de lei (PLS 154/2012) de autoria do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para instituir embalagens genéricas para cigarros e outros produtos do tabaco.
Para a
advogada Clarissa Menezes Homsi, coordenadora jurídica da Aliança de Controle ao
Tabagismo (ACT), organização não governamental voltada à promoção de ações para
a diminuição do impacto sanitário, social, ambiental e econômico gerado pela
produção, consumo e exposição à fumaça do tabaco, a decisão da Justiça
australiana é uma vitória. “Cerca de 90% dos jovens começam a fumar antes dos 18
anos fascinados pelas marcas, pelas embalagens sedutoras. Quem vai se encantar
com um produto que na embalagem só traz advertências sanitárias?”, questiona a
ativista.
A
decisão da Justiça australiana agradou à Organização Mundial da Saúde (OMS), que
conclama o resto do mundo a seguir o modelo. Segundo a OMS, a cada ano, quase 6
milhões de pessoas morrem por causa dos problemas causados pelo cigarro, como
câncer e complicações cardíacas.
Honduras,
República Dominicana e Ucrânia se opuseram, na Organização Mundial do Comércio
(OMC), à lei australiana por considerar que a medida viola os direitos de
propriedade intelectual. Segundo as autoridades hondurenhas, a legislação
elimina a função básica de uma marca, que é dar condições para os consumidores
distinguirem os produtos de diferentes companhias.
Com
informações da Agência EFE
CLARISSA
HOMSI - Coordenadora Jurídica - clarissa.homsi@actbr.org.br
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