Fumo passivo prejudica capacidade de jovens em manter
suas vias respiratórias limpas
Exposição ao cigarro danifica um importante mecanismo de defesa do organismo
Fumo passivo: a exposição à fumaça do cigarro pode
trazer problemas de saúde aos jovens (Thinkstock)
Um
novo estudo do Centro Monell, um instituto de pesquisas científicas dos Estados
Unidos, mostrou que crianças frequentemente expostas à fumaça do cigarro têm
menor capacidade de manter suas vias respiratórias limpas e proteger os seus
pulmões. Isso ocorre por que o contato com a fumaça de cigarro diminui o recurso
da tosse como resposta a agentes agressores. Assim, as crianças também tossem
menos quando são expostas a compostos químicos, poluição, poeira e outros
componentes que agridem o trato respiratório, prejudicando um mecanismo de
defesa que é essencial para que o organismo elimine partículas tóxicas e evite
infecções mais graves, como bronquite e pneumonia. Essas conclusões foram
publicadas na edição desta semana do periódico Nicotine
& Tobacco Research.
Opinião do especialista
Jaqueline
Ribeiro Scholz Issa
Cardiologista e coordenadora do Programa de
Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (Incor)
"Esse
estudo comprova mais um prejuízo à saúde acarretado pelo fumo passivo e
corrobora com a ideia de que a exposição ao cigarro também agride os não
fumantes. Ele também mostra que evitar o fumo em ambientes fechados não é
frescura, como muitos pensam.
Outras
pesquisas mostraram que fumantes passivos apresentam maior incidência de doenças
como as relacionadas às infecções respiratórias. Esse trabalho mostrou o
mecanismo pelo qual esse risco é aumentado.
A
tosse é essencial quando somos expostos a compostos como poluição e poeira, por
exemplo, já que só assim conseguimos expelir partículas que podem ser
depositadas nas vias respiratórias e desencadear infecções"
“A
tosse protege os nossos pulmões de fatores ambientais potencialmente
prejudiciais à saúde. Ter pais que fumam enfraquece esse reflexo, que é um dos
mais vitais do corpo humano”, diz a bióloga e uma das autoras do estudo, Julie
Menella. Ela explica que já era sabido que adultos fumantes têm menor
sensibilidade a componentes que irritam as vias respiratórias do que aqueles que
não fumam. Essa pesquisa buscou observar se esse efeito também ocorria entre
jovens que são fumantes passivos.
Falta
de sensibilidade — Para isso, os autores do trabalho selecionaram 38
jovens saudáveis de 10 a 17 anos de idade que tiveram de inalar concentrações de
capsaicina, um composto químico presente nas pimentas que provoca irritação nas
vias respiratórias. Eles observaram, então, que os participantes que eram
frequentemente expostos ao cigarro precisaram do dobro da quantidade de
capsaicina para tossir duas vezes em comparação com o restante dos jovens.
Segundo
os pesquisadores, esse estudo mostra um risco à saúde provocado pelo fumo
passivo que até então era desconhecido. O prejuízo a esse mecanismo de defesa,
eles explicam, além de aumentar o risco de infecções respiratórias entre os mais
jovens, também pode elevar as chances de eles se tornarem fumante durante a
vida, já que essa ‘insensibilidade’ faz com que o contato com o cigarro seja
menos desagradável.
FONTE: Veja on line, 20/8/2012-
Anna Monteiro - Diretora de Comunicação - anna.monteiro@actbr.org.br - REDE ACT
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