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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ALEXANDRE BORGES: MEU ERRO


Alexandre Borges: “Comecei a fumar”

O ator Alexandre Borges diz que se arrepende de ter começado a fumar e fala da dificuldade de largar o vício

ALEXANDRE BORGES, EM DEPOIMENTO A MARINA NAVARRO LINS
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Alexandre  Borges Ator, 46 anos. Atuou em mais de 25 filmes, seis peças de teatro e em mais de 20 novelas. É o Cadinho, da novela Avenida Brasil, da TV Globo  (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA)
"Meu maior erro foi ter fumado o primeiro cigarro, aos 24 anos. É um erro do qual me arrependo, mas não consertei. Ainda não consegui parar.
Venho de uma geração que não era completamente informada sobre os perigos do cigarro. Fumar era charmoso, principalmente no meio do teatro e do cinema. Comecei quando fui morar um ano e meio em Portugal, no início dos anos 1990. Fazia parte de um grupo de teatro chamado Boi Voador. O diretor foi convidado para levar a peça Gota d’água, de Chico Buarque, para o país. Fui como assistente de direção e acabei ficando por lá. Morei no Porto. Ao contrário do Brasil, alegre e tropical, Portugal tem um clima de melancolia, uma coisa bem Fernando Pessoa. Fado, bar, café, vinho e cigarro. Naquela época, era um lugar em que se fumava muito. Tinha uma ideia romântica do cigarro. Como se ele estivesse ligado à criação, ao pensamento, à poesia. Essa boemia me fascina tanto que hoje estou fazendo um projeto chamado Poema Bar, em que recito Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes, acompanhado por um pianista que toca fado e clássicos.

Não estou enaltecendo o cigarro. Quero parar mesmo. Já consegui ficar sem ele durante um ano. Logo depois, em 1998, fiz uma peça – mais uma vez em Portugal! – e tive de fumar no palco. Comprei um cigarro de ginseng, mais natural. Só que fedia. Comprei um normal e não larguei mais. Hoje fumo um maço por dia. Minha vida de fumante não é escancarada. Nunca fumo dentro de casa. Vou sempre para o terraço ou para a janela. Também não me desespero por ficar sem fumar num avião, durante 12 horas. Aguento bem.

Sou o único fumante de casa. A cobrança para parar vem de todo lugar. Na rua, as pessoas me falam “o cigarro vai te matar” ou “fumei durante 50 anos, não faça isso!”. Ando sempre com um chicletinho. Escovo o dente depois ou bochecho. Não estou em processo de parar de fumar ainda, mas não quero ser um velhinho tossindo o tempo todo. Acho legal assumir esse erro, porque não é saudável e traz consequências terríveis. Para me manter saudável, ando sempre na Lagoa e faço caratê há sete anos. Sou faixa roxa. Minha mulher, Júlia (Lemmertz), se preocupa com a comida aqui de casa. Tem sempre legumes por causa do meu filho Miguel. Comemos castanha e granola, essas coisas saudáveis. Eu me cuido em tudo o que é possível e um dia vou parar com o cigarro.

O melhor é não começar, não fumar o primeiro maço. É muito difícil largar. E sempre tem um gatilho para voltar. Um cigarrinho na hora de ler o texto e decorar. Mais um para espantar um pouco o tédio, a solidão e a carência. Acho ótimo que hoje os jovens tenham consciência sobre os males do cigarro e que seja proibido fumar em lugares fechados. Concordo com tudo. O problema é a facilidade para comprar. Até menores de idade conseguem. Acho importante dar esse depoimento para os jovens e também para os fumantes. Taí um erro que vale superar."
FONTE: REvista Época, 28/08/2012








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