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sábado, 27 de março de 2010

LEI SECA

A Lei Seca, que entrou em vigor em junho de 2008, tinha a pretensão de criar novo comportamento entre os motoristas brasileiros: longe do álcool e menos vulneráveis aos riscos de acidentes. De início, a percepção foi de uma mudança drástica na atitude dos condutores, mas, aos poucos, o afrouxamento na vigilância indicava o retorno da situação de risco, principalmente por causa dos excessos cometidos por parcela dos condutores, o que coloca em risco os demais.
De acordo com o estudo “Impacto do uso de bebidas alcoólicas e outras substâncias no trânsito brasileiro”, divulgado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, um de cada quatro motoristas, ou seja, 25% de 8 mil entrevistados em rodovias federais admitiram ter consumido cinco ou mais doses de bebida alcóolica de duas e oito vezes em um mês.
Se o risco já pode ser considerado exagerado, é preciso cautela para dirigir com atenção redobrada: mais da metade dos condutores diz ingerir de 07 a 15 doses de álcool em encontro com amigos. O consumo de álcool tem prevalência maior à noite. Depois das 20h, 7,3% dos entrevistados teve exame de alcoolemia positivo, enquanto, antes desse horário, a taxa caía para 3,3%.
Três efeitos são sensivelmente percebidos entre os motoristas que ingeriram álcool: aumento da taxa de erros, violação das leis e mais agressividade.
Segundo o pesquisador da Associação Brasileira Comunitária para a Prevenção do Abuso de Drogas (Abraço), Valdir Ribeiro Campos, responsável por estudos sobre o tema desde 2005, as chamadas drogas privativas alteram a capacidade crítica da pessoa, pois atuam diretamente no sistema nervoso. “As pessoas passam a atuar de forma impulsiva, agressiva, sem avaliar os riscos”, explica. Ele indica a necessidade de se manter o mesmo ambiente de vigilância permanente do começo da Lei Seca. “A nova legislação criou um clima de mudança, mas, com o tempo, a falta de fiscalização e políticas de prevenção fez com que muitos motoristas voltassem ao comportamento inicial”, diz.
Além disso, o uso do álcool reflete na saúde das pessoas. Diagnóstico de transtornos psiquiátricos são comuns entre os motoristas que apresentam resultados mais altos para testes de álcool ou drogas na saliva. A depressão e o transtorno de personalidade antissocial são doenças identificadas entre os motoristas alcoolizados.
Entre 2008 e 2009, os pesquisadores fizeram 8 mil entrevistas nas rodovias federais que cortam as 27 capitais brasileiras. Foram ouvidos motoristas de carros, motos, ônibus e caminhões e, especificamente em Porto Alegre (RS), as questões foram levadas a motoboys, vítimas de acidentes de trânsito, e a condutores de veículos frequentadores de bares e restaurantes.
Num comparativo entre os resultados obtidos na cidade e na estrada que corta o estado gaúcho, o número de motoristas alcoolizados se mostrou mais frequente no centro urbano, o que expõe ainda mais a condição crítica. Na capital do Rio Grande do Sul, 32% das vítimas fatais de acidentes de trânsito apresentaram amostras de álcool no sangue nos resultados do exame de necropsia, com mais incidência entre jovens.
(Fonte: Estado de Minas/ABEAD)

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