A higiene bucal é tão importante que, até para pacientes em coma, ela pode fazer a diferença. É o que mostra um estudo inédito desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) coordenado pelo pesquisador Edvaldo Antonio Ribeiro Rosa.
A pesquisa, que será publicada no Journal of Microbiology, Immunology and Infection ainda neste semestre, alerta para o risco de pneumonia por falta de higiene bucal.
O pesquisador acompanhou nove pacientes por uma semana, em dois hospitais universitários de Curitiba, realizando coleta de material a cada 24 horas. ''Como pouca ou nenhuma atenção é dispensada à higiene bucal do paciente, micro-organismos crescem rapidamente e podem alcançar os pulmões, resultando em pneumonias durante a internação'', explica. Dos nove pacientes analisados, quatro faleceram por complicações da doença.
Não há números, mas o resultado desse estudo e de outros realizados em vários países com pacientes sob ventilação mecânica indicam que ''aparentemente, isso é relativamente comum''. ''A letalidade nesse grupo de pacientes (comatosos com pneumonia) ainda não foi reportada. Como não existem outros estudos publicados, somente podemos nos basear nos nossos resultados que mostraram a prevalência de quatro em nove casos, algo em torno de 45%''.
Outra das constatações é que a higiene da boca é ''esquecida'' quando o paciente está em coma. ''Infelizmente, o que constatamos durante o transcorrer da coleta de amostras é que muito pouco era realizado em relação à higiene oral do paciente. Não sabemos se fatores como o grande número de pacientes por profissional ou o despreparo das equipes de apoio contribuíam para isso''.
Para o pesquisador, o estudo mostra que as equipes médicas precisam dar mais atenção à saúde bucal desses pacientes. ''Acredito que qualquer atenção dispensada à higienização oral de pacientes em coma contribui para a redução da casuística de pneumonias e de óbitos decorrentes dela. Como esses pacientes são impossibilitados de escovarem seus dentes, é imprescindível que terceiros o façam'', afirma.
O que é possível fazer, segundo ele, é a remoção de placa bacteriana através de escovação, e por irrigação controlada com antimicrobianos a base de clorexidina. ''São manobras que devem resultar em diminuição dos micro-organismos patogênicos'', avalia.
Ele informa ainda que a pesquisa já rendeu frutos - um grupo de professores e alunos da PUCPR vem desenvolvendo um trabalho de assistência odontológica ao paciente no leito. O projeto, sob coordenação dos professores Ernesto Josue Schmitt e Leo Kruger, acontece nos hospitais universitários conveniados à PUCPR. O objetivo é evitar ou minimizar o risco de complicações secundárias, como gengivites e pneumonias, com a realização de higienização oral.(Fonte: Chiara Papali/Folha de Londrina)
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