E AGORA?
Uma pesquisa que examinou os caminhos neurais no cérebro humano envolvidos no chamado "controle do status quo" concluiu que quanto mais complicado for o problema que enfrentamos, e mais difícil a decisão que tivermos que tomar, maior será a probabilidade de não agirmos.
O "controle do status quo" é uma tendência que os humanos parecem ter em direção ao conservadorismo, ou seja, para a manutenção da situação atual, em detrimento de ações que possam movê-los para uma situação diferente.
O que parece controverso é que esse viés conservador leva a uma quantidade de erros muito superior ao normal, o que agiria contrariamente a qualquer vantagem evolutiva.
O estudo, feito por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, analisou o processo de tomada de decisão dos participantes ao mesmo tempo que eles tinham seus cérebros rastreados por um equipamento de ressonância magnética - a chamada ressonância magnética funcional, ou fMRI.
"Quando se deparam com uma decisão complexa, as pessoas tendem a aceitar o status quo. Daí o velho ditado 'Quando estiver em dúvida, não faça nada," explica o Dr. Stephen Fleming, coordenador da pesquisa.
"Quer se trate de mudar de casa ou de mudar o canal da TV, há uma tendência considerável para permanecer na situação atual e optar por não tomar qualquer ação, e nós queríamos explorar este viés para a inação e analisar as regiões do cérebro envolvidas," diz Fleming.
No experimento, os participantes apertavam uma tecla para ver na tela do computador lances de uma partida de tênis, devendo decidir se a bola havia batido dentro ou fora da quadra. Mas, a cada lance, eles viam uma decisão default, a qual eles deviam confirmar ou rejeitar.
Os participantes precisavam apenas continuar pressionando a tecla para validar a opção default mostrada pelo computador. Para discordar, eles tinham que soltar a tecla e apertar uma outra.
Os resultados mostraram uma tendência consistente para validar a decisão padrão mostrada pelo computador, o que levou a vários erros de decisão.
Conforme os lances ficavam mais difíceis, o viés para aceitar o padrão tornou-se ainda mais pronunciado e o número de erros maior.
As imagens do cérebro geradas pela ressonância magnética funcional mostraram que uma região do cérebro conhecida como núcleo subtalâmico (STN) foi mais ativa nos casos em que o padrão foi rejeitado.
Além disso, um maior fluxo de informação foi observado saindo de uma outra região sensível às dificuldades (o córtex pré-frontal) em direção ao STN. Isso indica que o STN desempenha um papel fundamental na superação do viés do status quo quando a decisão é muito difícil.
"É interessante notar que os tratamentos atuais da doença de Parkinson, como a estimulação cerebral profunda (DBS) funcionam interrompendo o núcleo subtalâmico para amenizar a dificuldade de iniciar ações. Este é um exemplo de como o conhecimento sobre os mecanismos de uma doença podem reforçar nosso conhecimento da tomada de decisão normal e vice-versa," diz o pesquisador.
"Este estudo observou uma decisão perceptual muito simples e há obviamente outros fatores importantes, como os desejos e os objetivos que influenciam as decisões de agir ou não agir. Então, seria interessante investigar como essas regiões respondem quando os valores e as necessidades entram em jogo," concluiu ele. (Fonte: Diário da Saúde/SIS.SAÚDE)
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