Hospital faz detecção de câncer de pele à distância
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
Um projeto em desenvolvimento no Hospital de Câncer de Barretos, no interior
paulista, usa fotos enviadas por e-mail para facilitar o diagnóstico de câncer
de pele.
O objetivo é antecipar a detecção da doença em moradores de cidades onde não
há médicos especialistas que possam fechar o diagnóstico.
O programa começou a ser testado há 18 meses, e 900 imagens já foram
analisadas de forma experimental. Segundo o médico Carlos Eduardo Goulart
Silveira, do departamento de prevenção do Hospital de Câncer de Barretos, houve
85% de concordância entre os diagnósticos feitos ao vivo e os realizados por
meio das fotos.
A ideia, afirma Silveira, nasceu a partir das visitas feitas pela equipe do
hospital com a unidade móvel, que percorre cidades de Estados do Norte e do
Centro-Oeste, além de São Paulo e Minas Gerais, fazendo exames para detectar
câncer de mama, do colo do útero, de próstata e pele. "Visitamos muitas cidades
pequenas e nesse locais há um deficit de médicos e especialistas. Vemos também
uma incidência muito alta de câncer de pele, e essas pessoas precisam esperar
até um ano a nossa chegada."
Para agilizar o atendimento, foi criado o projeto de teledermatologia. "Em
países desenvolvidos, a telemedicina já está mais estabelecida. Nos países em
desenvolvimento, onde há mais carência de acesso ao médico, ela ainda não é tão
utilizada."
Os médicos do hospital analisam fotos das lesões tiradas por enfermeiros ou
técnicos que são treinados em Barretos. Usando uma câmera comum ou de celular,
eles registram a imagem da lesão, permitindo a identificação de seu tamanho e
relevo.
A foto é enviada por e-mail aos especialistas do hospital. Se a suspeita for
de lesão maligna, é marcada uma consulta no hospital para dar início ao
tratamento.
Segundo Silveira, o projeto ainda está funcionando de forma experimental em
cidades próximas a Barretos. O telediagnóstico deve ser posto em prática de vez
em 2013.
"Isso evita viagens desnecessárias, economiza tempo."
RECURSOS
Ainda inicial no país, a telemedicina já conta com outro programa de
diagnóstico à distância.
Um grupo da Unifesp, liderado pelo médico Rubens Belfort Jr., faz a detecção
de problemas na retina e de glaucoma, em especial em pacientes diabéticos, com a
ajuda de fotos do fundo do olho feitas em centros de saúde em São Paulo e
analisadas por especialistas em retina.
Segundo Belfort, presidente da SPDM (Associação Paulista para o
Desenvolvimento da Medicina), esse recurso economiza cinco consultas médicas.
Depois que a foto é analisada, o paciente recebe uma mensagem que o direciona ao
local de tratamento.
Desde o início do ano passado, 2.100 imagens foram analisadas no projeto. Há
duas máquinas em funcionamento, uma no centro de diabetes da Escola Paulista de
Medicina e outra no ambulatório Tito Lopes, na zona leste. Outras duas serão
instaladas na região da Vila Maria.
"É impossível o oftalmologista atender a todos os pacientes. A única forma de
solucionar o problema da saúde no país é modernizar a política de recursos
humanos."
Para Belfort, o trabalho do médico deve ser concentrado na interpretação dos
dados, realização do diagnóstico e prescrição do tratamento.
"A única maneira de melhorar a assistência médica é usar a tecnologia para
baratear custos e substituir as tarefas", diz o médico.
Demétrius Daffara/Editoria de Arte/Folhapress |
Nenhum comentário:
Postar um comentário