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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

HOMENAGEM A DORINA NOWILL


A pedagoga Dorina Nowill, de 91 anos, morreu por volta das 19h30 deste domingo (29), em São Paulo. Ela estava internada por conta de uma infecção e sofreu uma parada cardíaca no Hospital Santa Isabel. Cega desde os 17 anos, Dorina criou uma fundação que leva seu nome. A entidade produz e distribui livros em braille para deficientes visuais.
Ela deixa cinco filhos, 12 netos e três bisnetos. O velório está marcado para as 8h desta segunda-feira (30) na seda da fundação, localizada na Zona Sul de São Paulo. O enterro acontecerá no Cemitério da Consolação. 
Foi uma patologia rara que tirou a visão de dona Dorina, como é chamada na entidade que comanda, a Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Dorina teve hemorragia em uma das retinas e os médicos não conseguiram diagnosticar o problema. Acabou perdendo primeiro a visão de um olho e em quatro meses ficou totalmente cega. 
Mas isso foi só o começo de uma história marcada por vitórias e realizações que beneficiaram milhares de pessoas que tiveram o mesmo problema que ela.
Dorina Nowill ainda estava no colegial, mas conseguiu ser a primeira aluna cega a frequentar o curso onde estudava, a Escola Caetano de Campos. 
Nos Estados Unidos, conseguiu uma bolsa na Universidade de Columbia e se especializou em educação para cegos. De volta ao Brasil, atuou para publicação de livros em braille.
"Depois que fiquei cega, comecei a estudar para provar a necessidade da inclusão. Não se separa alguém pelo fato de ser cego. Comecei então a trabalhar visando a inclusão do cego na vida, na escola e no lazer", conta Dorina Nowill. 
A partir da criação da fundação que leva seu nome, Dorina viajou o Brasil e o mundo em sua luta. Chegou a ser presidente da União Mundial de Cegos e foi diversas vezes premiada por suas iniciativas. "Nem sempre a coisa foi fácil, mas sempre tive muito entusiasmo. Sempre tive muita fé e nunca desisti." 
Sempre particiou de reuniões em diversos estados sobre políticas públicas de inclusão, com integrantes do governo e de professores.
Questionada sobre quando pretende parar de trabalha, ela dizia, sem hesitar: "Se um dia eu me sentir cansada acredito que vou parar. Mas eu não me canso."
Ter ficado cega não a impediu de realizar o sonho de constituir uma família. Quando estudava nos Estados Unidos, conheceu o marido com quem se casou e teve cinco filhos, hoje todos na faixa dos 50 anos. 
E as dificuldades pelas quais passou, não tiraram o humor de dona Dorina. "Estive nas cinco partes do mundo e fico muito feliz pelo meu trabalho porque consegui o que jamais imaginava. Eu fiz tudo, mas queria mesmo dar uma voltinha para ver todas essas coisas bonitas que não pude ver", afirmava sorrindo. "Mas conheci muita gente formidável, pessoas extraordinárias durante a minha vida".
Ao responder sobre o que gostaria de ver em sua vida, Dorina disse: "Entre as coisas que sempre me encantaram, está o sorriso de uma criança. Acho que o brilho, a graça, transparece. E o pôr do sol, aquele vermelho na praia, no fundo do mar. Mas não tem nada para suprir a falta de não ver. Só com o que tenho dentro de mim." (Fonte: g1)

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