HEPATOCARCINOMA |
Dentre os tumores originados no fígado, o mais frequente é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular. Embora não esteja entre as dez neoplasias mais frequentes no Brasil, de acordo com a última pesquisa divulgada pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer), em 2008, quase sete mil pessoas morreram de câncer de fígado no País. A doença ocorre em uma frequência três vezes maior em homens do que em mulheres e a faixa etária com maior predomínio está entre a sexta e a sétima décadas de vida.
Os pacientes, muitas vezes, não apresentam sintomas até que o hepatocarcinoma esteja em seu estágio mais avançado, por isso, o diagnóstico raramente é feito no início. Os sintomas mais comuns são dor abdominal, perda de peso, perda de apetite, náuseas e icterícia.
Os principais fatores de risco são a cirrose hepática, infecções pelos vírus da hepatite B e C, exposição à aflatoxina, entre outros. Os pacientes portadores de cirrose hepática devem ser rastreados com dosagem sérica de alfafetoproteína e ultra-som abdominal para diagnóstico precoce e tratamento em fase inicial de doença.
Existem evidências de que os pacientes com hepatite B ou C que consomem mais do que 80 gramas de álcool por dia tem um risco significativamente maior de desenvolver a doença quando comparados aos pacientes que não consomem bebidas alcoólicas.
O hepatocarcinoma é um tumor agressivo que frequentemente cresce em um fígado já comprometido por uma doença crônica. Embora o principal tratamento seja a cirurgia, a maioria dos pacientes não são candidatos a este tipo de abordagem devido a extensão da doença. Para os pacientes que não apresentam doença ressecável, o transplante hepático é a única modalidade de tratamento potencialmente curativa. Outras modalidades de tratamento para a doença irresecável são a injeção percutânea de etanol, a ablação térmica, crioablação e a quimioembolização. A escolha da melhor opção terapêutica depende de uma avaliação criteriosa de médico especialista para seleção do tratamento.
O tratamento sistêmico (medicamentoso) para os pacientes com câncer hepático é um campo em evolução. A eficácia da quimioterapia é modesta e a duração do benefício é limitado. Embora existam poucos estudos randomizados, nenhum regime de quimioterapia demonstrou aumentar a sobrevida para esse grupo de pacientes.
Novos agentes têm sido estudados e entre eles destacamos o Sorafenibe, medicamento oral que atua em alvos específicos. Esse medicamento foi testado em diversas fases de estudos clínicos e em 2007 foi apresentado estudo prospectivo de fase III, Sharp, onde 602 pacientes foram randomizados para receber sorafenibe ou placebo. A sobrevida mediana foi de 10,7 meses para quem recebeu sorafenibe versus 7,9 meses para quem recebeu placebo. Os efeitos colaterais mais comuns com o medicamento foram diarreia e alterações dermatológicas, porém controláveis. O resultado deste estudo estabeleceu o sorafenibe como a nova referência de tratamento sistêmico do hepatocarcinoma irressecável nos EUA.
Devemos ressaltar que é fundamental uma avaliação criteriosa por parte do médico quando da indicação de um tratamento com resultados extremamente limitados, com custo muito elevado e que dentro do contexto de saúde pública de um país com problemas básicos, é altamente questionável.
(Fonte: Alexandre Chiari, médico oncologista da Oncomed Bh - http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1100-20110411 - acessado em 11.04.11)
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