Mulheres na menopausa que tomam suplementos de cálcio têm mais chance de sofrer infarto ou derrame, de acordo com estudo publicado nessa terça-feira no "British Medical Journal".
O artigo revê dados de várias pesquisas. Uma delas, de 2006, foi feita com 36 mil mulheres, de 50 a 79 anos, nos EUA. Nesse trabalho, a conclusão inicial foi a de que a suplementação não representava risco cardíaco.
Agora, pesquisadores das universidades de Auckland e Aberdeen, na Nova Zelândia e na Escócia, afirmam que a conclusão do estudo está errada. "É preciso rever o papel do cálcio na prevenção e no tratamento da osteoporose", dizem, no fim do artigo.
Em um dos trabalhos analisados, o risco de infarto foi 21% maior.
VASOS ENTUPIDOS
A hipótese é de que o cálcio ingerido em suplementos seria capaz de acelerar o processo de aterosclerose.
Segundo Antonio Mansur, cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, a tese faz sentido: sabe-se que o cálcio faz parte das placas que entopem as vasos.
"Todo mundo tem um começo de aterosclerose. Em pessoas com fatores de risco, pode ser um agravante."
Para Rosa Maria Rodrigues Pereira, reumatologista do Hospital das Clínicas, ainda não há consenso sobre o tema. "Existe um debate desde 2008. Há pesquisas com resultados contrários."
Na dúvida, a médica não recomenda o uso como regra geral para mulheres na menopausa, mesmo considerando que, nesse período, há maior perda óssea.
"É melhor obter as quantidades recomendadas só com a dieta. Principalmente se a paciente tiver fator de risco."
O reumatologista José Carlos Szajubok, professor da Faculdade de Medicina do ABC, questiona o estudo. Mesmo assim, diz que a suplementação deve considerar a dieta. "É preciso ver o que o paciente ingere e suplementar só o que falta."
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