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quinta-feira, 14 de abril de 2011

MATURIDADE PLENA

A idade é uma verdade, não ilude
Quem dividiu a vida com prazer.
Velho é se drogar de juventude,
Ser jovem é saber envelhecer.
Velho é quem se ilude
Que a idade é juventude.
Ser jovem é saber envelhecer.
(Trecho da música “Sentir-se Jovem”, de Juca Chaves)
Precisa dizer mais? Ser jovem é simplesmente sentir-se assim, não interessa o que dizem aqueles quatro dígitos que saltam aos olhos na carteira de identidade. Os tempos mudaram. Os novos tratamentos estéticos e de saúde, o acesso ao conhecimento, ao lazer e à informação e a esperança de vida hoje são maiores e melhores do que eram há duas décadas. Não apenas garantir uma boa aparência, mas também manter a mente saudável é a nova fórmula para se atingir a maturidade plena.
Por que amadurecer precisa ser necessariamente visto como o início do fim? A maturidade pode ser a melhor idade, o caminho mais natural de todos, que tem início a partir do momento em que nascemos. “Envelhecer é o processo de mudanças fisiológicas com início depois da maturação sexual e aceleração a partir da quinta década de vida. É fruto da ação combinada de variáveis genético biológicas, socioculturais e de estilo de vida. Diferentes indivíduos envelhecem em ritmos também diferentes”, define a psicóloga e professora da Unicamp especialista em Psicologia do Envelhecimento, Anita Liberalesso Neri.
A diferença, no entanto, está na forma como se chega lá. De acordo com o psicólogo, especialista em Geriatria e Gerontologia e professor da UnATI/UERJ Wallace Hetmanek, “o envelhecer se dá em diferentes esferas. Além do biológico, podemos destacar o social e psicológico, que está associado às reservas que o indivíduo possui. Reservas estas que serão determinantes para definir o grau de saúde mental que indivíduo mantém e conquista ao longo dos anos, que pode ser reforçada por experiências positivas, boas relações.
O envelhecimento pode ser medido do ponto de vista cronológico, ou seja, da idade da carteira de identidade, mas dificilmente será relevante para falarmos de uma população que é muito melhor explicada pelas diferenças do que pelas generalizações”, explica ele.
Maturidade plena. Quem não sonha com ela? Amadurecer plenamente não é somente chegar com saúde física aos 50, 60, 70 anos de idade. É viver o presente, sem pensar no que virá pela frente. Hetmanek diz que “o que há de mais errado na concepção do que é viver plenamente na maturidade é a busca por receitas mágicas ou milagrosas para a manutenção de um comportamento jovem estereotipado, a busca de um corpo perfeito, mais comumente pelas mulheres, e a manutenção de um desempenho sexual invejável, por parte dos homens”.
Anita corrobora pois, segundo ela, o envelhecimento ativo “é aquele caracterizado por boa saúde, estilo de vida favorável à boa saúde, atividade e participação social. É viver de forma compatível com os recursos biológicos, sociais e psicológicos disponíveis.”
Envelhecer, amadurecer, embranquecer. Os termos são inúmeros, mas como saber se já chegou o momento? Anita Neri esclarece que “existem diversas idades verdadeiras.
A idade biológica é aquela que está no núcleo das células dos vários sistemas do organismo. A social é a da carteira de identidade, que interage com as normas da sociedade. Já a psicológica, amplamente apoiada na comparação social, é aquela que se sente que tem, em função da aparência, da funcionalidade física e mental, do status e da integração social que julga ter”, diz a psicóloga.
Medo, insegurança, dificuldade de aceitação. Os questionamentos são muitos, mas necessários, pois são eles que tornam o envelhecer um processo único.
“Digo com segurança que não deveríamos buscar retardar ou adiar o envelhecimento e sim aceitá-lo e se adaptar às mudanças que ele sugere desde que nascemos, que se intensificam após os 30, seguem se acentuando após os 40 e assim por diante. Desta forma, o sofrimento, a da vergonha da idade e a sensação de falta de lugar na sociedade poderão dar lugar a sensação de prazer e desfrute”, finaliza Wallace.

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