Famílias que convivem com dependentes químicos têm suas vidas muitas vezes devastadas pelas consequências das drogas e também pela burocracia, quando buscam o suporte de órgãos públicos encarregados do tratamento de viciados. Os empecilhos, que vão da penosa busca por vagas em clínicas de recuperação, passam por processos de triagem e enfrentam até mesmo barreiras na Justiça, potencializam dramas vividos com maior intensidade pela maioria da população, que recorre, sem outra alternativa, a serviços públicos quase sempre deficientes.
Recente reportagem do jornal Pioneiro, do Grupo RBS, mostrou todas as barreiras ao esforço de quem procura internação para um familiar dependente de crack em Caxias do Sul. Mesmo que o foco do trabalho seja a situação de Caxias, sabe-se que o cenário ali retratado é o da média das cidades gaúchas. Com o agravante de que todos os obstáculos, como mostra a reportagem, atingem muito mais a população de baixa renda, que procura instituições públicas. As dificuldades são ampliadas também porque o viciado em crack, uma droga que cria dependência imediata e exige maior esforço para recuperação, invariavelmente tem recaídas.
Outro aspecto ressaltado pela reportagem, comum a muitos dos familiares de dependentes químicos, é o que se refere às dificuldades para internação compulsória. Por imposição legal, a internação decidida pela família, contra a vontade do consumidor de crack, deve ser submetida a uma decisão da Justiça. Essa restrição, adotada em nome do bom senso e para que não sejam cometidos abusos ou represálias em nome de uma tentativa de ajuda, deve ser relativizada quando a droga em questão é o crack.
A família de um dependente, que enfrenta situações crônicas de degradação, não raras vezes com os pais sendo vítimas de atos de violência dos próprios filhos, deve ter o direito de decidir, com o parecer de um profissional da saúde, mas sem muitas protelações de arrastadas tramitações, o que é melhor para si e para um ente afligido pela dependência química. (Fonte: ABEAD)
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