Exercício físico ou restrição alimentar
Qualquer dos dois fatores citados acima evitou que ratos obesos desenvolvessem disfunção cardíaca, segundo um estudo feito na Faculdade de Medicina em colaboração com a Escola de Educação Física e Esporte, ambas da Universidade de São Paulo (USP).
O trabalho indicou também que a associação das duas condutas não medicamentosas não resulta em benefício adicional na função cardíaca. A explicação dos pesquisadores para isso é que cada uma das intervenções isoladamente já é suficiente para evitar que a obesidade crônica provoque a disfunção cardíaca.
De acordo com Carlos Eduardo Negrão, diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e orientador do estudo, as alterações cardíacas decorrentes da obesidade podem ser evitadas “se a restrição alimentar ou o exercício físico for utilizado como conduta não medicamentosa para interromper o processo de obesidade crônico”, disse.
Além de avaliar os efeitos do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca, um dos objetivos do estudo foi tentar esclarecer o papel dessas intervenções nos mecanismos moleculares envolvidos nas alterações cardíacas causadas pela obesidade.
Os resultados fazem parte da tese de doutorado “Efeito do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca e resistência à insulina em ratos obesos”, de Ellena Paulino, feita com apoio de Bolsa da FAPESP e defendida em novembro de 2009, com orientação de Negrão.
“Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar”, contou.
“Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar”, contou.
Outro resultado importante sobre o papel do exercício e da restrição alimentar alcançado no trabalho está relacionado ao metabolismo de lípides. “A restrição alimentar em associação com o exercício físico diminuiu significativamente a esteatose e a hipertrigliciridemia em animais obesos”, disse Ellena.
Mas se por um lado a associação da restrição alimentar e do exercício físico não mostrou efeito cumulativo nos parâmetros cardíacos, por outro lado essas duas intervenções associadas diminuíram a quantidade de gordura estocada no fígado de animais obesos (esteatose hepática) e, também, os níveis de triglicérides plasmático.
“Embora a restrição alimentar isoladamente diminua a quantidade de gordura acumulada no fígado, ela aumentou a concentração de triglicérides plasmático, o que sugere um aumento na resistência hepática à insulina. Esses são achados importantes. Sabe-se que a esteatose, triglicérides aumentados e a resistência à insulina elevam o risco de doença cardiovascular”, destacou Ellena.
Segundo a pesquisadora, o trabalho permite concluir que a restrição calórica e a prática de exercício devem ser recomendadas para a prevenção de alterações cardíacas e metabólicas causadas pela obesidade.
(Fonte: FASPESP)
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