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domingo, 18 de julho de 2010

DIVERSIDADE SEXUAL

Marginalizados dentro da própria escola, 70% das travestis e transexuais brasileiras não concluem o ensino fundamental. Sem chances no mercado de trabalho, acabam aderindo à prostituição, ao tráfico e à cafetinagem ainda na adolescência.
Para tentar diminuir o preconceito no ambiente escolar e, dessa forma, garantir oportunidades iguais a todos, a Escola Estadual Francisco Villanueva, de Rolândia-Pr (25 km a oeste de Londrina), colocou em prática um projeto para discutir a homofobia entre professores e alunos.
Nesta semana, docentes da instituição realizaram uma oficina com a professora Marina Reidel, transexual pós-graduada em psicopedagogia e que dá aulas de Artes e ''Ética e Cidadania'', na rede estadual, em Porto Alegre (RS). Ela atua ainda como docente na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e é ativista e pesquisadora dos Direitos da Cidadania LGBT. A atividade teve apoio da Secretaria Municipal de Educação de Rolândia.
''O objetivo é trabalhar com os professores a maneira de lidar com a diversidade sexual'', explicou Marina, que contou a própria história para mostrar que o tema pode ser discutido sem preconceito.
Homossexual não assumido nos primeiros anos de carreira, a professora passou pela cirurgia de transformação de sexo há oito anos e, após o procedimento, voltou a trabalhar na mesma escola.
''Amparei-me na lei e fui realizar um desejo pessoal'', contou ela. Durante a ausência da professora, a equipe pedagógica da escola trabalhou o assunto com os alunos, explicando sobre a cirurgia de transformação de sexo e enfatizando que a homofobia é um crime passível de multa. ''Para minha surpresa, na volta ao trabalho os alunos mostraram-se curiosos, mas foram bastante receptivos.''
A dica de Marina aos professores é que, além de desconstruirem os próprios preconceitos, tratem da diversidade sexual com naturalidade. ''O assunto precisa ser desmistificado'', acredita.
O respeito ao nome social de transsexuais e travestis na escola é outra luta que aos poucos começa a surtir resultados. ''É uma questão de identidade de gênero'', disse. Nos serviços de saúde, essa parcela da população já é comumente chamada pelo nome feminino.
Marina explicou que a maior dificuldade de discutir o preconceito é a resistência dos próprios docentes. ''Os alunos são mais abertos. O lugar mais homofóbico da escola é a sala dos professores.'' Para a ativista, o grande desafio da militância LGBT é a conquista dos mesmos direitos dos heterossexuais. ''É uma luta que começa na escola e passa por questões como o casamento e a adoção.''
(Fonte: Carolina Avansini-Folha de Londrina)

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