O Estudo Epidemiológico da Dor (Epidor), feito pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), revelou que mais de 45% das pessoas com dor nas costas por mais de três meses não buscam tratamento adequado.
De acordo com o ortopedista Rogério Teixeira da Silva, do Comitê de Traumatologia Esportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), estes números alarmantes refletem uma realidade no País. “A dor continua uma condição subdiagnosticada e subtratada no Brasil. Ainda falta a conscientização sobre a importância de fazer uma correta avaliação da dor usando escalas objetivas, que quantificam a dor e facilitam a vida do paciente e do médico, no que diz respeito ao tratamento”, afirma.
O especialista explica que a Organização Mundial da Saúde até estabelece alguns princípios para o tratamento da dor, entre eles a escala analgésica, que institui o tipo de medicamento conforme a intensidade da dor. “Em muitos serviços, o conhecimento disso já bastaria para que os medicamentos mais eficazes fossem usados. O que observamos de rotina é que as dores mais intensas e as dores crônicas são pouco tratadas, ou pelo desconhecimento da ação do medicamento ou pelo receio das complicações”, explica.
O ortopedista alerta ainda sobre o uso abusivo de anti-inflamatórios para o tratamento da dor. “O uso deste medicamento sem orientação leva a uma série de problemas para o paciente, como complicações renais e hepáticas”, explica Teixeira.
O Epidor também analisou a relação do local da dor com o tipo de tratamento escolhido. De acordo com o estudo, 22% das pessoas têm dor nos membros inferiores, 21% nas costas e 15% dor na cabeça. “O mais alarmante é que, apesar das pessoas sofrerem com dor, muitas delas não buscam tratamento”, explica Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, do Departamento de Epidemiologia da FSP/USP, coordenadora do estudo.
O Epidor mostrou que, entre as pessoas que apresentam dor nas costas, 45,1% não usavam nenhum tipo de tratamento. Este número é de 54,6% para pessoas que apresentam dor nos membros inferiores.
Principais constatações da pesquisa, feita com 2.446 entrevistados
no município de São Paulo com idade superior a 18 anos:
• Quanto maior a escolaridade, menor a prevalência de dor. Entre as pessoas com mais de 15 anos de estudo, a prevalência é de 23,5%. Entre os analfabetos, é de 33,7%.
• Há grande prevalência de dor crônica entre as donas de casa (33,3%), aposentados (36%) e autônomos (35,7%).
• Das pessoas que apresentaram dor crônica: - 22% têm dor nas pernas e pés; - 21% têm dor nas costas;
- 17% dores no peito; - 5% dores de cabeça; - 12% dores nos braços e mãos; - 12% têm dor em múltiplos locais;
• Localização da Dor versus Tratamento – O estudo mostrou também que entre as pessoas que apresentam dor nas costas, 45,1% não utilizam nenhum tipo de tratamento e 54,6% das pessoas que apresentam dores crônicas nos membros inferiores não utilizavam nenhum tipo de tratamento também.
O estudo comprovou que uma das características mais associadas à alta prevalência de dor é a escolaridade, muito mais do que a renda. O segundo indicador com mais correlação com o mapa da dor é o número de moradores por domicílio. Com o Mapa da Dor, é possível traçar um ranking dos bairros de São Paulo que apresentam mais dor e os que apresentam menos dor.
Os bairros que apresentaram maior índice de dor crônica, segundo o estudo, foram Aricanduva (67%), Socorro (65%), Cachoeirinha (52,1%) e Santo Amaro (49%). “Uma das surpresas do estudo foi a inclusão de bairros como Itaim Bibi (48%) e Morumbi (45%) entre as regiões com alta prevalência de dor. Isto mostra que apesar da estatística relacionar a dor crônica com baixa escolaridade da região, ela está presente em todos extratos sócio-econômicos da sociedade”, explica Maria do Rosário.
Prevalência das dores crônicas, de acordo com os dados da Epidor
• Na população em geral: 28,7%
• Nos homens: 20%
• Nas mulheres: 34%
• Entre pessoas jovens, de 18 a 29 anos: 20%
• Pessoas com sobrepeso e obesidade apresentaram prevalência maior de dor crônica que os indivíduos com peso normal. 32,6% dos obesos ouvidos no estudo apresentaram dor crônica e 30% das pessoas com sobrepeso relataram o mesmo problema;
• 32,9% dos indivíduos com dor crônica não utilizaram nenhum medicamento nos últimos 12 meses.
(Fonte: oqueutenho.uol.com.br)
Interessante o estudo, todavia faltam dados sobre a população idosa, tendo em vista que é nessa população que incide mais doenças crônicas.
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