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sexta-feira, 2 de julho de 2010

SOUZA CRUZ: IRRESPONSABILIDADE SOCIAL

Para, PRETENSAMENTE, tentar combater a pirataria
de cigarros, companhia faz spots institucionais.
Disposta a combater a pirataria de cigarros, a Souza Cruz está veiculando publicidade institucional na CBN. Os spots têm tom informativo e alertam para o problema dos produtos ilegais que chegam ao consumidor final via contrabando ou falsificação.
Segundo a fabricante, os baixos preços das mais de 300 marcas ilegais que circulam pelo país estimulam o hábito de fumar em jovens e cidadãos de baixa renda. Mesmo sem investir em compra de mídia, a Souza Cruz reportou investimento de cerca de R$ 340 milhões em marketing em 2009. Os focos de sua comunicação são os pontos de venda, ações com varejistas, lançamentos de novas marcas e modernização das embalagens de seus produtos.
A informação é da coluna Em Pauta, publicada na edição 1411 de Meio & Mensagem, que circula com data de 31 de Maio de 2010.
COMENTÁRIO DA ALIANÇA DE CONTROLE DO TABAGISMO - ACT
A matéria, em tom de release institucional, mostra como a indústria do tabaco vem reagindo a uma maior regulamentação de seus produtos e a políticas de saúde pública, já que não pode mais anunciar além dos pontos de venda. A ACT teve acesso a dois desses spots, sobre fumicultura e cigarros ilegais.
No primeiro, a Souza Cruz se mostra como pioneira no campo, por ter usado o sistema de integração, classificando-o como a melhor possibilidade para o fumicultor e sua propriedade. Também afirma que, entre seus investimentos, está a preservação ambiental. Há controvérsias. O sistema integrado, onde o agricultor compra todos os insumos da própria indústria, que depois estabelece o preço da folha do tabaco, já foi apontado em processos judiciais como sendo análogo à escravidão. Também está longe de ser verdade que é uma indústria que privilegia a preservação ambiental. Da produção ao descarte, seu produto causa danos ambientais incomparáveis.
Sobre cigarros ilegais, diz que a estimativa é que 27% dos cigarros vendidos no país sejam ilegais e que apoia o poder público em todas as ações para combater essa prática. O governo brasileiro não tem estimativas independentes, seus números são fornecidos pela indústria, e variam conforme a necessidade da indústria de contra argumentar aumentos de impostos. Ou seja, se faz de vítima para que o governo não consiga adotar uma política de preços e impostos eficaz na redução do consumo.
Dito isso, é bom lembrar que as diretrizes do Artigo 13 da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco dão orientações sobre as melhores formas de implementá-lo a fim de eliminar a publicidade, promoção e patrocínio de produtos derivados de tabaco, tanto internamente nos países quanto internacionalmente. A finalidade é reduzir o consumo de tabaco, já que é bem documentado que estas formas de marketing incentivam o consumo e servem para legitimar as empresas.
PRINCIPAL RECOMENDAÇÃO - Proibição total de publicidade, promoção e patrocínio de tabaco:
- Todas as formas de publicidade e promoção, assim como de patrocínio, sem exceções.
- Publicidade, promoção e patrocínio diretos e indiretos.
- Ações que almejam a promoção e ações que tenham o efeito ou efeito provável de promoção.
- Promoção de produtos de tabaco e do uso do tabaco.
- Comunicação comercial, recomendações e ações comerciais.
- Contribuições para qualquer tipo de evento, atividade ou indivíduo.
-Publicidade e promoção de nomes de marcas de tabaco e toda promoção corporativa.
- Mídia tradicional (impressa, televisão, rádio) e todas as plataformas de mídia, incluindo a internet, telefones celulares e outras tecnologias assim como filmes.
Portanto, de acordo com esse artigo da CQCT, a propaganda corporativa que a Souza Cruz vem fazendo, assim como seu discurso de ser uma empresa socialmente responsável, é puro marketing e já deveria ser proibido por lei, para estar em conformidade com o tratado internacional.
Apesar de ainda não ser proibido pela legislação nacional, uma fabricante de cigarros só deixará de ser irresponsável quando parar de usar esse tipo de propaganda para evitar regulamentação que de fato vá reduzir os ônus do tabagismo que recaem sobre toda sociedade.
(Fonte: Boletim ACT-julho/2010)

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