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segunda-feira, 2 de maio de 2011

CIGARRO COM SABOR É "CILADA"!

"Adolescente sempre quer chamar a atenção de alguma forma, não é? Por isso comecei a fumar com o grupo de amigos." A frase da estudante Bruna de Carvalho Cury, 22 anos, é comum à maioria dos fumantes. Segundo o Inca (Instituo Nacional de Câncer), 90% dos fumantes começam antes de completar 19 anos.
Porém, Bruna segue uma nova tendência: a dos jovens que começam a fumar cigarro de sabor, para depois passar para o cigarro comum.
Prova disso é o levantamento da Anvisa (Associação Nacional de Vigilância Sanitária) que mostra que o número de marcas de cigarro de sabor dobrou nos últimos três anos. Além disso, o Inca aponta que 45% dos adolescentes entre 13 e 15 anos que fumam se utilizam desse tipo de cigarro.
Para o pneumologista e coordenador do Ambulatório de Combate ao Tabagismo da Faculdade de Medicina do ABC Adriano Guazzelli, a estratégia da indústria do tabaco é de atrair o jovem para que ele se torne dependente. "Para atingir os adolescentes, eles (a indústria do tabaco) disfarçam o sabor e tornam o cigarro mais agradável", avaliou.
Guazelli disse que, por ser mais suscetível, o jovem sempre foi o alvo dos produtores de cigarro. Outra estratégia, mais presente nas últimas décadas, é a de relacionar o cigarro à beleza por meio de peças publicitárias.
Bruna seguiu o caminho natural e, um ano depois, começou a utilizar o cigarro comum. Atualmente, fuma seis cigarros por dia. Porém, não se arrepende. "Sei que muitos adolescentes têm essa curiosidade. São coisas que acontecem. O cigarro é um grande companheiro para mim e para muita gente."
O radialista Leandro Giudici, 25, não tinha a curiosidade pelo fumo quando adolescente. Porém, há um ano, começou a fumar cigarro no sabor cravo. "Achei muito saboroso e comecei a fumar," Porém, cinco meses depois, o gosto já se tornou enjoativo, e Giudici partiu para o cigarro convencional. Por dia, o radialista fuma um cigarro, mas não se considera dependente. "Fumo para tirar o estresse", afirmou.
Guazzelli disse ser a favor da proibição de circulação dos cigarros de sabor. "É uma questão de saúde pública. Como toda a substância que contém tabaco, esses cigarros são prejudiciais às pessoas", declarou.
O médico disse que o Ambulatório de Combate ao Tabagismo da Faculdade de Medicina do ABC realiza entre 20 a 30 atendimentos por mês. Porém, os jovens não procuram ajuda. "Quem quer parar mesmo o faz após os 40 anos ou se tem algum problema de saúde em decorrência do cigarro."
O servidor público Ricardo Zancopé, 30, é exceção. Há 13 anos, ele fuma cigarros de menta e de cravo.
"Já fumei cigarro normal em algumas oportunidades, mas não gostei", relatou.
Zancopé contou que fuma de um a dois cigarros diariamente. O servidor público disse que, como fuma pouco, não sente que isso prejudica sua saúde.
Pesquisa do governo federal, feita pelo Ministério da Saúde, apontou que entre 2006 e 2010 o número de fumantes no Brasil caiu de 16,2% para 15,1%.
Na comparação com a PNSN (Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a diferença é ainda maior, já que o número de fumantes naquela época era de 34,8%.
Segundo o levantamento, os homens lideram o número de fumantes no País, com 17,9%, contra 12,7% das mulheres. O relatório revela também que as pessoas menos escolarizadas, que têm até oito anos de estudo, fumam mais (18,2%) do que as mais escolarizadas, que têm 12 anos ou mais de estudo (10,2%).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) apontou que 4,9 milhões de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência do cigarro, o que corresponde a mais de 10 mil mortes todos os dias.

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