Essa é a conclusão de um estudo publicado no periódico científico "Pediatrics", que acompanhou 370 voluntários durante quatro anos.
Os adolescentes foram submetidos a 11 entrevistas individuais, de 2002 a 2006, sobre a presença de sintomas da dependência. Neste período, 62% deles fumavam ao menos uma vez por mês, 52% tinham sintomas de dependência e 40% tornaram-se fumantes diários.
Os pesquisadores observaram que a frequência com que os jovens fumavam era um indicativo de sintomas de dependência na entrevista seguinte.
Por sua vez, o número de sintomas estava relacionado a um aumento da frequência de consumo.
Fumar no mínimo uma vez ao mês -ou por semana, como ocorreu em alguns casos- foi um fator de risco forte para o aparecimento de sintomas, como grande desejo de fumar, seguido por sintomas de abstinência da nicotina, aumento da frequência de consumo para diária e relatos de sensação de dependência e de dificuldade para se controlar.
Os sintomas de dependência de nicotina são desejo persistente de fumar (que leva à troca de outros prazeres pelo cigarro), necessidade de fumar mais para ter o mesmo benefício (como redução da ansiedade) e vontade compulsiva de fumar (síndrome de abstinência).
Segundo o pneumologista Sérgio Ricardo Santos, coordenador do PrevFumo (ambulatório de controle do tabagismo da Unifesp), durante a fase de iniciação -em que o consumo está vinculado ao convívio com amigos e a baladas- surgem sintomas mais tênues, que sugerem a dependência ou o caminho para sua instalação.
"É o interesse de estar próximo a pessoas que fumam, carregar isqueiro, selecionar amizades com base no fato de as pessoas serem fumantes ou não. E o desejo -não a compulsão- de fumar em situações especiais, como na balada", diz.
O tabagismo na adolescência ainda é pouco investigado, afirma o pneumologista. No Brasil, a idade média de iniciação vai de 13 a 15 anos.
"O esforço, para essa geração de crianças e adolescentes, está em descobrir como prevenir que eles se tornem fumantes. Estamos aprendendo que ter pais ou melhor amigo que fumam, frequentar ambientes onde é permitido fumar e sentir prazer nisso são fatores de risco para que experimentem cigarros, iniciem-se no consumo regular e, enfim, tornem-se dependentes", diz.
Para Ciro Kirchenchtejn, coordenador do Centro de Tratamento de Tabagismo do hospital Oswaldo Cruz, o uso recreativo da nicotina tem muito mais chance de levar à dependência do que o de outras drogas. "Para criar dependência, não requer mais do que poucas semanas ou meses", diz. (Fonte: Rachel Botelho - Folha de S.Paulo/Rede ACT)
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